Para especialistas e analistas do mercado, os movimentos foram influenciados também pela articulação entre o Ministério da Economia e o Congresso para aprovar a cessão onerosa e garantir o leilão de petróleo até novembro. Segundo o economista da Guide Investimentos, Victor Beirute, acredita que a questão do STF teve menos impacto no dia, e que o mercado permaneceu atento as negociações entre EUA e China. Porém, ele destacou a questão da cessão onerosa: "A aprovação da PEC da cessão onerosa e o acordo do ministro da Economia, Paulo Guedes, com os parlamentares, para acelerar a agenda de privatizações, foi bem recebida no mercado na semana. Por isso a surpresa do Ibovespa ter tido queda hoje."
De acordo com o especialista, o mercado espera um avanço em relação a agenda de reformas no país. "Precisamos de alguma coisa a mais, alguma notícia nova, principalmente em relação a aprovação das reformas (tributária e da previdência), para que a gente consiga ultrapassar a barreira dos 106 mil pontos no Ibovespa. O cenário de incerteza lá fora é grande", alegou Beirute.
O economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva, também se surpreendeu com a queda do dólar, pois esperava que o câmbio fosse influenciado pela decisão do STF. "A recente decisão do Supremo denota um encoxamento no combate à corrupção. O mercado esperava que isso gerasse alguma aversão ao risco, uma certa tensão com essa medida, e o dólar até poderia ter subido. Mas vimos um movimento contraditório", afirmou.
Para ele, as preocupações acerca do Brexit, na Europa, também tiveram influência no câmbio e no Ibovespa, assim como as possíveis "represálias" vindas da Arábia Saudita após sofrer ataques relacionados ao Petróleo. Porém, o que mais teria pesado nas bolsas do mundo todo, de acordo com Silva, foi a notícia de que os EUA estudam colocar restrições para que americanos invistam na China. "O movimento de hoje da bolsa retrata o compasso de espera de todo mercado com as tantas dúvidas que estão surgindo, mas não é nada de novo. O mercado, no fundo, continua com expectativas de um Ibovespa à 120 mil pontos até o fim do ano", disse.
* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca