Jornal Correio Braziliense

Economia

Após semana de altas, Ibovespa e dólar caem, respectivamente, 0,23% e 0,10%

Em dia marcado por tensões acerca da recente decisão do STF e das negociações comerciais entre EUA e China, o mercado financeiro se surpreendeu com o movimento de queda tanto do Dólar quanto do Ibovespa

Diante da recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que fez maioria para derrubar as decisões proferidas até hoje na Operação Lava-Jato, e de olho nas negociações comerciais entre Estados Unidos (EUA) e China, o dólar teve queda de 0,10%, e fechou a R$ 4,16, nesta sexta-feira (27/9). Já o Ibovespa fechou o dia em queda de 0,23%, a 105.078 pontos, o que surpreendeu o mercado financeiro, já que o índice vinha tendo um bom desempenho ao longo da semana.

Para especialistas e analistas do mercado, os movimentos foram influenciados também pela articulação entre o Ministério da Economia e o Congresso para aprovar a cessão onerosa e garantir o leilão de petróleo até novembro. Segundo o economista da Guide Investimentos, Victor Beirute, acredita que a questão do STF teve menos impacto no dia, e que o mercado permaneceu atento as negociações entre EUA e China. Porém, ele destacou a questão da cessão onerosa: "A aprovação da PEC da cessão onerosa e o acordo do ministro da Economia, Paulo Guedes, com os parlamentares, para acelerar a agenda de privatizações, foi bem recebida no mercado na semana. Por isso a surpresa do Ibovespa ter tido queda hoje."

De acordo com o especialista, o mercado espera um avanço em relação a agenda de reformas no país. "Precisamos de alguma coisa a mais, alguma notícia nova, principalmente em relação a aprovação das reformas (tributária e da previdência), para que a gente consiga ultrapassar a barreira dos 106 mil pontos no Ibovespa. O cenário de incerteza lá fora é grande", alegou Beirute.

O economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva, também se surpreendeu com a queda do dólar, pois esperava que o câmbio fosse influenciado pela decisão do STF. "A recente decisão do Supremo denota um encoxamento no combate à corrupção. O mercado esperava que isso gerasse alguma aversão ao risco, uma certa tensão com essa medida, e o dólar até poderia ter subido. Mas vimos um movimento contraditório", afirmou.

Para ele, as preocupações acerca do Brexit, na Europa, também tiveram influência no câmbio e no Ibovespa, assim como as possíveis "represálias" vindas da Arábia Saudita após sofrer ataques relacionados ao Petróleo. Porém, o que mais teria pesado nas bolsas do mundo todo, de acordo com Silva, foi a notícia de que os EUA estudam colocar restrições para que americanos invistam na China. "O movimento de hoje da bolsa retrata o compasso de espera de todo mercado com as tantas dúvidas que estão surgindo, mas não é nada de novo. O mercado, no fundo, continua com expectativas de um Ibovespa à 120 mil pontos até o fim do ano", disse.

* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca