Economia

Desemprego diminui, mas "bicos" disparam

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 28/09/2019 04:11

O desemprego caiu para 11,8%, no trimestre entre julho e agosto, se comparado ao mesmo trimestre de 2018. No entanto, a ocupação de baixa qualidade ; os chamados ;bicos; ; bateu recorde histórico: 41,4% da população trabalhadora, aproximadamente 40 mil pessoas, estão na informalidade. Esses dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada ontem.

A massa de rendimentos ficou estável. O levantamento mostra que os empregados sem carteira assinada e por conta própria (juntos são 36,1 milhões) ainda é o maior desde 2012, e do total de empregados apenas 62,4% contribuíram para a Previdência Social. Mais: a força de trabalho (soma de ocupados e desocupados), estimada em 106,2 milhões de pessoas, ficou estável em relação ao trimestre anterior e cresceu 1,7% (mais 1,7 milhão de pessoas) anteo mesmo trimestre de 2018.

Para o economista Cesar Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest, a situação é preocupante. Ele admitiu que a reforma trabalhista, que entrou em vigor em 2017, provocou o aumento da chamada ;pejotização; (trabalhadores que são obrigados a abrir empresas e emitir notas fiscais a título de salário) e, consequentemente, expansão da informalidade.

;Se por um lado é bom que as pessoas tenham bicos para não ficarem totalmente sem renda, por outro elas entram em um processo de desamparo. Quando ficam doentes, por exemplo, não têm onde se socorrer;.

A queda no desemprego, no trimestre encerrado em agosto, foi de 0,4 ponto no confronto com o trimestre anterior, de março a maio de 2019, quando a taxa de desocupação estava em 12,3%. Na comparação com o mesmo período de 2018 (12,1%), o recuo foi de 0,3 ponto.

Para Cesar Bergo, o mercado de trabalho ainda não está livre de um revés nos próximos meses e ;está aguardando a concretização das reformas. Sem elas, vai ser difícil a abertura de novas vagas;.

Baixa qualidade


Com a entrada 684 mil trabalhadores no mercado, atualmente, 93,6 milhões de brasileiros estão ocupados. No entanto, ainda existem 12,6 milhões de pessoas em busca de oportunidade. A PNAD Contínua mostrou que as ocupações de baixa qualidade bateram recordes e chegaram ao maior patamar da série histórica, iniciada em 2012: 41,4% estão na informalidade, o maior percentual desde 2016, quando o indicador passou a ser divulgado.

Fazem parte desse grupo os 11,8 milhões de empregados sem carteira assinada e 24,3 milhões de trabalhadores por conta própria ; os maiores contingentes da série histórica iniciada em 2012. Como resultado desse quadro, apenas 62,4% contribuíram para a Previdência oficial.

Aumento esperado

Também é importante destacar que a diminuição do desemprego, neste momento, é sazonal e já era esperada. Cimar Azeredo, diretor-adjunto de Pesquisa do IBGE, explicou que, nesta época do ano, a tendência é de aumento nos ocupados. Ele chamou a atenção, no entanto, que essa subida deveria impactar a massa de rendimento, o que não aconteceu ; o valor total de salários pagos aos empregados formais se manteve estável, em R$ 209,9 bilhões. Já o rendimento médio do trabalhador não se alterou expressivamente ; ficou em R$ 2.298,00.

Entre os setores, a indústria foi responsável pela contratação de mais 272 mil pessoas (alta de 2,3%), e a construção civil por mais 181 mil trabalhadores (2,8% a mais). A PNAD Contínua registrou, ainda, queda de 3,9% nos desalentados (4,7 milhões que desistiram de procurar trabalho) pela primeira vez, em pouco mais de cinco anos ; desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2014. (VB)

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