Agência Brasil
postado em 29/09/2019 11:49
O estudo ;Comportamento de Compra do Consumidor de Vestuário;, divulgado esta semana, no Rio de Janeiro, pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial -Iemi -, abordando o comportamento de compra de 1.250 consumidores de vestuário de todas as idades, regiões e poder de compra entrevistados no último mês de agosto, constatou que o preço é o principal fator de escolha, ao contrário do bom atendimento, que prevaleceu no estudo anterior, feito em 2017.
O diretor do instituto, Marcelo Prado, diisse que os resultados surpreenderam. Em 2017, no auge da crise econômica, eram consumidos produtos de maior valor agregado, mais elaborados, mais chamativos, que ;só vendiam por encantamento. Agora, nós estamos vendo um retorno dos consumidores de menor renda ao mercado, que tinham desaparecido na crise, porque essa população mais vulnerável foi a mais afetada;.
Agora, a procura é por um produto mais barato, mais focado em preço, mostra o novo estudo. O formato de venda se transforma, com destaque para produtos mais básicos do que inovadores. ;Agora, os básicos ganharam força por conta da demanda reprimida. É essa população voltando aos poucos a recompor o mercado. Tem o preço como orientação e o produto básico como ícone;, disse Marcelo Prado.
Compras pela internet
A pesquisa mostra também que os consumidores, em especial das classes C e D, começam a utilizar as lojas online, apesar de as lojas físicas ainda predominarem na venda de artigos de vestuário, sendo preferidas por 79% dos consumidores. Cerca de 17% dos consumidores disseram ter efetuado sua última compra pela internet, contra 14% na sondagem de 2017. ;Mais pessoas estão usando a internet e a tendência é isso ir aumentando;, afirmou Prado.
Segundo ele, a internet passou a ser uma coisa do dia a dia das pessoas, mais usual e comum. ;Então, o uso da internet já é um costume mais disseminado. Só que o crescimento no vestuário está bem aquém de outros setores como consumo final;. As compras online representam apenas 1,3% do faturamento do consumo de vestuário.
Por outro lado, Prado informou que estão sendo trazidas muitas marcas de fabricantes e produtores para a internet, o que pode estimular a oferta direta da marca, pulando o varejo tradicional e indo direto para o consumidor. ;Isso está mudando e é bem interessante;, opinou.
O estudo revela, ainda, que, entre os consumidores que optaram pelo varejo físico, 50% fizeram sua última compra em shoppings, contra 49% há dois anos. Já a preferência por lojas de rua permaneceu igual, apontada por 32% dos entrevistados. De acordo com o diretor do instituto, a média de peças adquiridas por compra pelos consumidores permaneceu estável em relação a 2017. ;Não se pode dizer que é uma tendência, mas a margem de compra está oscilando em torno de três peças;, revelou. O estudo identificou que, no auge da crise, aumentou a frequência de compras e diminuiu a quantidade de peças adquiridas. ;Agora, deu uma normalizada;.
Prado prevê retomada do crescimento de vendas do varejo têxtil ao longo dos últimos meses. As perspectivas para o fim do ano são de expansão das vendas do varejo têxtil em torno de 1,7%, mas pode ser um percentual ainda maior, por causa da base comparativa. O diretor do instituto recordou que, no ano passado, houve a greve dos caminhoneiros e um período eleitoral turbulento.
;A estatística tende a melhorar bastante nos próximos meses;. A projeção é vender R$ 230 bilhões este ano só em vestuário, já considerando o aumento de 1,7%, disse.
Parceria
O diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima, afirmou que os estudos feitos pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial levam à entidade insumos na relação com o consumidor, em especial no momento atual que vive o varejo. Para Lima, a pesquisa ;reflete bem o momento econômico que a gente vem vivendo, em que o consumidor está sendo afetado por questões econômicas, pelo desemprego, pela necessidade de buscar o sustento da família, às vezes, na informalidade. Em um cenário como esse, ele está fortemente orientado pelo preço;.
Daí, o consumidor brasileiro buscar preço de promoções. ;Ele está buscando produtos com uma percepção de qualidade boa, mas com preço bastante atraente. O estudo mostra agora essa preocupação do consumidor em relação ao preço, principalmente nos consumidores das classes mais populares C e D;, informou.