Economia

Quanto custa envelhecer? Idosos devem se preparar para gastos com saúde

"A maioria dos aposentados ganha na faixa de R$ 1,5 mil mensais. Com a idade, a despesa média aumenta", afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS

Correio Braziliense
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postado em 02/10/2019 11:15
%u201CO que vem com o envelhecimento? Estatisticamente falando, maiores gastos com saúdeO brasileiro tem duas opções para ter acesso a planos de saúde complementar na velhice: mudar os hábitos de vida, de forma a enfrentar com mais vitalidade o futuro, e fazer desde cedo uma poupança para arcar com os altos custos das mensalidades cobradas pelas operadoras, que sobem drasticamente a partir dos 59 anos.

;A maioria dos aposentados ganha na faixa de R$ 1,5 mil mensais. Com a idade, a despesa média aumenta. O plano vai ficar em torno de R$ 800. Então, ele não se sustenta;, explica José Cechin, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).

O fim do pacto intergeracional ; os mais jovens eram em maior quantidade e contribuíam com mais recursos para bancar os mais velhos ; tem efeitos também nos cálculos dos planos particulares e não apenas no Sistema Único de Saúde (SUS), reforça Cechin.

;A participação dos jovens na população vem caindo, a quantidade de idosos vem aumentando e a despesa per capita em saúde sobe mais de um ponto percentual por ano. A conta não fecha. Temos que nos preparar ao longo da vida;, afirma o superintendente executivo do IESS.

Ele destaca que o esquema de precificação e de reajustes dos planos ocorre de acordo com o que acontece na vida real. Portanto, a questão não é o preço, assinala. Cechin aponta estudos de especialistas norte-americanos mostrando que ;seu estado de saúde depende de você: 20% do que a pessoa é na velhice vêm da herança genética, 20% dependem de onde você vive e 10% são os efeitos da tecnologia médica. O resto está relacionado à vida saudável;, garante.

;O que vem com o envelhecimento? Estatisticamente falando, maiores gastos com saúde. Esse perfil de gastos é universal. Não apenas no Brasil. Acontece em pelo menos 14 países da União Europeia;, ressalta. Mesmo assim, Cechin, que foi ministro da Previdência, acredita que ainda há um imenso espaço para a indústria de planos de saúde crescer.

Desempenho
O avanço não ocorre nesse momento por causa do fraco desempenho da economia do país, dos baixos índices de emprego e pela instabilidade política. ;Na incerteza, o investidor estrangeiro não vem para cá. Nesse cenário, até mesmo a reforma da Previdência pode causar decepção no curto prazo. Não vai mudar nada, se a economia não crescer. Com o mercado aquecido e ampliação do emprego, os planos são vendidos;, salienta.

Cechin diz que ;nunca é tarde para se começar a ter uma vida saudável;. Vivemos agora uma descompressão da morbidade. O ser humano ganhou longevidade com qualidade. ;Isso é possível. Está ao alcance de todos nós. Quando se perde massa muscular, o desempenho do cérebro piora;, lembra. Mas além do problema de arcar com o custo elevado das mensalidades dos planos de saúde, a população vai ter que enfrentar outro desafio.

;Como mudar, como induzir as pessoas a não comer uma barra de chocolate e, sim, um pepino?;, questiona Cechin. Primeiro, disse ele, o conhecimento é necessário. ;Que tal mostrar a imagem dela como é hoje e um retrato do dia de amanhã? Acho que tem que envolver as emoções e os fatores que definem nossas vontades. Aquelas vontades que não estão sob nosso controle;, argumenta.

Ele apresenta dados, com base em estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstrando que, em 40 anos, até 2056, a quantidade de pessoas entre zero e 18 anos vai encolher mais 24%. A População em Idade Ativa (PIA, entre 19 e 58 anos) cairá 5,4%, enquanto os sexagenários duplicarão, os septuagenários triplicarão e os octogenários quadruplicarão.

;A situação tem que ser resolvida agora. Não tem saída, porque a saúde suplementar envelheceu bem antes, não esperou 2056 chegar;, afirma o executivo. Pelos dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), entre 2000 e 2018, dobrou o número de beneficiários dos planos de saúde suplementar. ;E quase triplicou o total de beneficiários com 80 anos ou mais. Ou seja, a saúde suplementar já envelheceu. E como efeito, suas despesas cresceram 47%;, diz.

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