Economia

Famílias gastam R$ 4,6 mil por mês, em média 

As de menor renda comprometem mais de 90% dos recursos para morar, comer e se locomover, de acordo com Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE. As mais pobres têm renda média de R$ 297 e somam 16 milhões 

postado em 05/10/2019 04:13 / atualizado em 19/10/2020 14:02

As de menor renda comprometem mais de 90% dos recursos para morar, comer e se locomover, de acordo  com Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE. As mais pobres têm renda média de R$ 297 e somam 16 milhões 
Dos mais de 69 milhões de famílias do país, apenas 1,8 milhão têm rendimentos superiores a R$ 23.850. Por outro lado, a renda de 44,8 milhões de famílias é de até R$ 1.908,00, equivalente a dois salários mínimos. O segundo grupo, porém, compromete mais de 90% da sua renda com gastos básicos, como transporte, alimentação e moradia. Essas são algumas das informações obtidas pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2017 e 2018, divulgada ontem.

O estudo mostra que os brasileiros gastam, em média, R$ 4,6 mil por mês. No que diz respeito a despesas com alimentação, a média chega a 17,5%; com habitação, 36,6% e com transporte, 18,1%. Esses três grupos correspondem a mais de 70% da despesa total de consumo mensal de todas as famílias brasileiras. Apenas 3,2% das despesas são destinadas ao pagamento de dívidas e 11,7% representam gastos com outras despesas correntes, como contribuições trabalhistas e serviços bancários. O IBGE destacou, ainda, que, pela primeira vez, as despesas com transporte ultrapassaram os gastos com alimentação no Brasil. Segundo José Mauro, analista do IBGE, as famílias com renda média de R$ 297, grupo mais pobre, somam 16 milhões, ou seja, 23,9% do total das famílias brasileiras.

Segundo os dados da POF, famílias com rendimento de até dois salários mínimos comprometem uma parte maior do orçamento em despesas com alimentação e habitação do que aquelas com rendimentos superiores a 25 salários mínimos. As famílias com rendas inferiores destinam 61,2% dos rendimentos mensais a essas despesas, sendo 22% a alimentação e 39,2% a habitação. Enquanto isso, aqueles com rendimentos mais altos utilizam 30,2% do orçamento com estes gastos, sendo 7,6% com alimentação e 22,6% com habitação.

De acordo com os dados da pesquisa, enquanto os gastos com o grupo alimentação tiveram queda de 2,3 pontos percentuais entre as duas últimas edições da pesquisa, de 19,8% para 17,5%, os grupos de habitação, educação e assistência à saúde tiveram aumentos em relação a 2008-2009. Os gastos com saúde são equivalentes entre as famílias mais pobres e as mais ricas. As primeiras destinam 5,9% da renda a essas despesas, e as mais ricas, 5,6%. No entanto, os mais pobres gastam 4,2% com remédio e os mais ricos, 1,4%.

Para Marcelo Neri, uma das explicações para a disparidade na renda é que as famílias de baixa renda são mais numerosas, além da maior dificuldade desse grupo para encontrar trabalho. “ A renda do pobre é mais informal e de conta própria. As transferências públicas ou privadas também são mais importantes para eles, cerca de 28% da renda, enquanto para os mais ricos corresponde a 12%”, comparou.

O IBGE divide as famílias em sete grupos de renda, variando das que ganham até dois salários mínimos às que ganham até 25. Para descobrir a renda média de todas as famílias, é somado todo o montante das sete classes e dividido pelo número total de famílias existentes no país  (mais de 69 milhões).

* Estagiárias sob supervisão de Cláudia Dianni




  • O peso do básico
    Despesas com moradia, alimentação e transporte engolem orçamento das famílias

    O que mais pesa (em %)

    Tipo de Despesas    Total    Renda até R$ 1.908     Renda acima R$ 23.850
    Despesas correntes*    92,7    96,6    87,0
    Despesas de consumo**    81,0    92,6    66,3

    Alimentação    14,2    22,0    7,6
    Habitação    29,6    39,2    22,6
    Aluguel    15,1    20,6    10,7
    Serviços e taxas    7,4    11,2    3,5
    Mobiliários e artigos do lar    1,4    2,1    1,1
    Eletrodomésticos    1,3    2,3    0,6
    Transporte    14,6    9,4    15,3
    Urbano    1,3    2,1    0,4
    Aquisição de veículos    5,6    2,3    7,5
    Assistência à saúde    6,5    5,9    5,6
    Remédios    2,9    4,2    1,4
    Plano/seguro-saúde    2,1    0,4    2,9
    Educação    3,8    1,9    5,1
    Outras despesas de consumo    12,2    14,2    10,2
    Outras despesas correntes    11,7    4,0    20,7
    Aumento do ativo    4,1    1,4    9,6
    Diminuição do passivo    3,2    2,0    3,5

    *Todas as despesas     **Principais despesas mensais     Fonte: IBGE

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