Economia

Reforma administrativa estanca 60 anos de despesa, diz analista

Redução de salários, corte de benefícios e o fim da estabilidade do servidor federal são temas de propostas

Vera Batista
postado em 09/10/2019 06:00
prédio do congresso nacionalA reforma administrativa que o governo deve apresentar ao Congresso, na prática, segue os moldes de projetos já em curso no Legislativo. Redução de salários, corte de benefícios e o fim da estabilidade do servidor federal são temas de propostas que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado desde meados da década de 1990.

Para Marcos Mendes, consultor legislativo do Senado e professor do Insper, entretanto, a ;reforma administrativa é bastante simples;. Basta o governo estancar uma despesa que existe por, pelo menos 60 anos. Ele explica: ;O servidor trabalha cerca de 20 anos, fica em média mais 30 anos aposentado e paga, aproximadamente, mais 10 anos de pensão;.

Ele defende que as mudanças sejam feitas, basicamente, nas estruturas de remuneração, de sindicalização, de direito de greve, da estabilidade e, consequentemente, de centro do poder das carreiras de Estado. ;Alguém com estabilidade e direito de greve faz paralisação a qualquer momento porque não vai perder o emprego. Criou-se sindicatos fortes, porque são sustentados por quem ganha bons salários. É um poder muito grande. O Estado chegou a um limite. Não suporta mais;, destacou.

Em linha com o discurso oficial de Estado pesado e ineficiente, Mendes reforça que o gasto com essa corrente da acontecimentos deve ser reduzido, porque também leva o servidor a ter pouco incentivo para trabalhar, já que o salário inicial é muito próximo do salário de final de carreira. ;Nem todas as categorias precisam de estabilidade, somente as essenciais. E também temos que discutir quais são as essenciais;, disse.

Ele garante que as regras sobre esses assuntos ainda não foram totalmente consolidadas pelo atual governo, porque precisam de mais tempo para serem analisadas. ;São centenas de carreiras. Tudo terá que ser redesenhado. Não há espaço para erros;, afirmou o professor do Insper.

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