Economia

Juros futuros voltam a fechar em queda, descolados da pressão no câmbio

Agência Estado
postado em 10/10/2019 18:21
A perspectiva de cenário favorável para a inflação e queda da Selic manteve os juros futuros em baixa durante toda a quinta-feira, com destaque novamente para o miolo da curva, trecho onde as taxas mais recuaram. A deflação do IPCA ainda reverberou sobre a curva, somada aos dados do varejo abaixo da mediana das estimativas, à melhora do ambiente político em Brasília e ao aumento da apetite pelo risco no exterior. A exemplo de quarta, o volume de contratos foi robusto. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a 4,650%, de 4,708% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou na mínima de 5,75%, ante 5,831%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,481% para 6,44% (mínima). Na sessão estendida, as taxas seguiram em baixa e renovando mínimas. O avanço do dólar ante o real não abalou a confiança de que há espaço para o Copom levar a Selic até 4,5%, até porque a moeda brasileira destoou do comportamento das demais emergentes ante o dólar justamente em função do aumento das apostas na redução do juro básico. Com a atividade muito enfraquecida, os analistas não veem risco de um repasse da alta do câmbio aos preços que possa comprometer o ciclo de afrouxamento monetário. As vendas do varejo ampliado ficaram estagnadas em agosto ante julho, quando a mediana das estimativas era de alta de 0,60%. Patricia Pereira, gestora de renda fixa da Mongeral Aegon Investimento, destaca que, após a deflação do IPCA de 0,4% em setembro divulgada quarta, a perspectiva é de que após os cortes na taxa básica nos próximos meses a Selic continue por um bom tempo no piso histórico até que o Copom inicie um processo de alta, o que deve acontecer somente quanto a economia aquecida ameaçar as metas de inflação. "Por isso, a curva ficou com este 'steepening'. Há uma desinclinação até os vencimentos de médio prazo, depois disso os longos mostram um ritmo de queda bem menor. A curva diz que o BC vai cortar, mas não vai precisar subir tão logo", avaliou. Houve importante contribuição do cenário do ambiente externo para alívio de prêmios, de maior otimismo com o encontro entre a China e os Estados Unidos para negociar o acordo comercial. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que se reunirá sexta com o vice-premiê da China, Liu He, em Washington, dissipando a preocupação de que o encontro fosse encerrado precocemente hoje. Internamente, para além dos fundamentos econômicos, o considerado bem-sucedido leilão de áreas do pós-sal realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), com participação de importantes operadoras estrangeiras, e a aprovação na quarta pela Câmara do projeto de lei que trata da partilha dos recursos da cessão onerosa contribuíram para o sentimento positivo do mercado.

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