Economia

Varejo cresce, mas pouco

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 11/10/2019 04:14

As vendas no comércio varejista registraram leve variação positiva em agosto de 2019. Com alta de 0,1% na série com ajuste sazonal, foi o terceiro mês consecutivo em que o setor não registrou queda, atingindo crescimento acumulado de 1,2% no ano. Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que em relação a agosto do ano anterior, as vendas subiram 1,3% e, nos últimos 12 meses imediatamente anteriores, acumularam alta de 1,4%.

Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), considerou o resultado mensal ;decepcionante;. ;A questão é que falta fermento na receita de bolo do varejo. Esse ingrediente é o mercado de trabalho. Os números mostram o quanto ele está frágil e o impacto disso no comércio brasileiro;, explicou. Para ele, o índice de mercado de trabalho, que ;sofre de muito desalento;, tem sido o pior de toda a economia brasileira e impedido o comércio de avançar.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, os resultados fracos no mês não revertem a tendência de melhora trimestral. ;Se os dados de setembro vierem 0%, a variação trimestral fechada do 3; trimestre terá tido alta de 0,9%, um resultado bastante robusto;, destacou.

Para os próximos meses, a expectativa de Bentes é de que o saque imediato do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ajude o setor. ;Esperamos que quase R$ 20 bilhões entrem no comércio pelo FGTS. É um valor que parece grande mas, perto do que o varejo vende, o efeito não é tão grande.;

A projeção do economista para o crescimento anual do comércio é de 1,3% a mais do que em 2018, quando o índice alcançou 2,8%. ;Se essa previsão se concretizar, será o terceiro ano de crescimento. Para isso acontecer, os juros mais baixos têm que chegar à ponta do consumo e é necessária uma boa melhora no mercado de trabalho;, completou Bentes.


  • Sem firmeza
    Vendas do varejo melhoram para a maioria dos segmentos, mas recuperação ainda patina


    Atividades Jul Ago Ago/18;Ago/19 Jan;Ago 2019

    Combustíveis e lubrificantes 0,6% -3,3% -2,9% 0,6%
    Hiper, supermercados, bebidas e fumo 1,1% 0,6% 2,4% 0,3%
    Tecidos, vestuário e calçados 0,8% -2,5% -3,4% -0,1%
    Móveis e eletrodomésticos 0,7% -1,5% -1,3% -0,1%
    Artigos farmacêuticos e de perfumaria 0,6% -0,3% 5,2% 6,4%
    Livros, jornais, revistas e papelaria 2,2% 0,2% -17,1% -25,5%
    Equip.para escritório, informática e comunicação -0,7% 3,8% -3,5% -0,1%
    Outros artigos de uso pessoal e doméstico 2,4% 0,2% 4,7% 5,9%
    Veículos e motos, partes e peças -1% -1,7% 2,9 11,3%
    Material de construção 0,7% -0,8% -1,6% 2,9%

    Fonte: IBGE



  • Ampliado

    Os números para o varejo ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças de material de construção, não apresentaram variação em agosto ante ao mês anterior. Em relação ao mesmo mês de 2018, as vendas do setor avançaram 1,4%, registrando o quinto resultado positivo seguido. No ano, o comércio varejista ampliado acumula alta de 3,5%. Já nos últimos 12 meses, o crescimento acumulado é de 3,7% em agosto.

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