Economia

Estagnação contribui

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 17/10/2019 04:16

A falta de crescimento da economia e o avanço da informalidade são fatores que explicam o aumento da desigualdade social no Brasil, levando o Índice Gini para o pior resultado da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. Essa é uma das constatações da economista Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, ao explicar os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), divulgada ontem.

;Esse movimento passa pela piora no mercado de trabalho, com redução do número de trabalhadores com carteira assinada; queda no volume de contratações da indústria, onde salários são melhores; e aumento da informalidade no setor privado e de trabalhadores por conta própria;, explicou a analista do IBGE.

Segundo o estudo, 72,4% da renda média domiciliar per capita dos trabalhadores brasileiros foi proveniente de alguma forma de trabalho em 2018, abaixo do pico de 75,4% de 2014. Já a participação de aposentadorias e pensão é crescente, passando de 18,3% para 20,5% no mesmo período. A fatia do bolsa família complementando a renda média mensal encolheu de 15,9%, em 2012, para 14,9%, em 2014, e para 13,7%, em 2018. ;Se pensar que os programas sociais estão relacionados às famílias mais pobres, essa redução acaba refletindo na perda do rendimento familiar;, comentou a técnica.

A pesquisa do IBGE revela, ainda, que houve redução da desigualdade no Nordeste A Região Norte ficou na lanterna, em função de uma queda maior nos segmentos de maior renda. ;Isso mostra que todos perderam mais;, avaliou Marcelo Neri, do FGV Social. Pelos cálculos dele, a perda de renda acabou sendo menor entre mulheres do que entre os homens, desde 2014 até o segundo trimestre de 2019. ;As mulheres foram o único grupo que registrou aumento na renda do trabalho, de 2%, enquanto a dos homens caiu 5%, porque são as mais educadas;, contou. ;A crise prejudica menos os mais educados. Nesse caso, as mulheres. Eis um dado positivo;, completou. (RH)

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