Economia

Dólar cai após dados da China, mas Campos Neto e crise no PSL ficam no foco

Agência Estado
postado em 18/10/2019 10:17
O dólar no mercado à vista opera em baixa, sintonizado ao sinal predominante no exterior em relação a outras divisas emergentes ligadas a commodities, após os dados mistos de atividade econômica da China divulgados mais cedo. Apesar da desaceleração do crescimento do país para 6,0% no terceiro trimestre, o pior resultado em 27 anos em meio à indefinida disputa comercial sino-americana, os números de produção industrial e vendas no varejo vieram positivos, aliviando os ajustes nos mercados de moedas. Contudo, segundo um operador de uma corretora, o investidor local está em compasso de espera por novas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que prossegue hoje em Washington. Também já monitora a convenção nacional do PSL nesta sexta-feira em Brasília, para confirmar a nova composição do Diretório Nacional da legenda, em meio ao acirramento da crise interna. O encontro vai referendar uma mudança no estatuto da sigla que reduz a influência de deputados e senadores no grupo, que é responsável por eleger o presidente da sigla. A preocupação é se a votação do segundo turno da reforma da Previdência será prejudicada de alguma forma pelo racha interno decorrente da turbulenta troca de comando da liderança do governo no Congresso e também na disputa pela liderança da sigla na Câmara. Há pouco, em meio à convenção, o deputado Major Waldir disse que "essa parte do partido (dissidência de Bolsonaro) só vai votar em pautas do governo em que houver convergência. Ontem, o deputado afirmou, em reunião com aliados do presidente do partido, Luciano Bivar (PE), que vai "implodir" o presidente Jair Bolsonaro, mas depois negou que tenha algo para "implodir" o presidente. O senador Major Olímpio defendeu hoje também que o deputado Eduardo Bolsonaro saia já do comando do PSL em São Paulo. Destituída da posição de líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), afirmou ontem que a Presidência da República estava sendo usada para interferir no Legislativo. "O próprio presidente estava ligando e pressionando deputados para assinar uma lista", disse. O presidente Jair Bolsonaro pediu a parlamentares para que seu filho Eduardo Bolsonaro (SP) se tornasse líder da bancada da sigla na Câmara no lugar de Delegado Waldir (GO). Com essa piora no relacionamento interno e a perda de apoio de parte de sua legenda, Bolsonaro desistiu de indicar, por enquanto, o filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em Washington, segundo apurou o Broadcast Político. Por enquanto, o presidente também não decidiu se saíra ou não do PSL. Em relação a Campos Neto, sua fala ontem em evento fechado em Washington, de que poderia intervir no mercado de câmbio na ponta compradora em caso de entrada "disruptiva" de recursos estrangeiros, provocou a alta do dólar ante o real, na contramão da queda predominante da divisa americana no exterior. O presidente do BC também teria dito que a autoridade monetária pode usar reservas internacionais, se for preciso, quando houver falta de liquidez. Já em entrevista à noite à emissora CNBC, Campos Neto afirmou que, na comunicação oficial da autarquia, "dissemos que há ainda espaço para taxas de juros menores, baseadas em nossas projeções." Citando o fraco desempenho do PIB e da inflação, afirmou ainda que "pensamos que precisamos ter taxas de juros estimulativas." Para ele, as taxas juros baixas de curto e longo prazo permitem que o país passe a financiar projetos de infraestrutura com recursos privados. No câmbio, às 9h35, o dólar caía 0,44%, a R$ 4,1512. O dólar futuro de novembro recuava 0,26%, para R$ 4,1580.

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