Economia

IPCA-15 confirma controle da carestia

Prévia da inflação fecha outubro praticamente estável, em 0,09%, e reforça expectativa de corte na taxa básica de juros. Resultado é o menor para o mês desde 1998. Redução nos preços de alimentos e energia contribuíram para baixar o índice

postado em 23/10/2019 04:27
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ; 15 (IPCA-15), prévia do indicador oficial de inflação, apresentou leve crescimento de 0,09% em outubro. O valor é o mesmo que o registrado em setembro de 2019 e menor para meses de outubro desde 1998, de 0,01%. No mesmo período de 2018, o índice registrou alta de 0,58%. Os números foram divulgados, ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o economista-chefe da Haitong, Flávio Serrano, essa variação traz um resultado positivo sem que haja, em curto prazo, indicativo de mudança na inflação. Segundo ele, o número, que é um dos mais baixos da história, indica uma continuidade da política monetária. ;É positivo, pois os preços ficando bem comportados deve permitir que o Banco Central mantenha o juros;, afirmou.

Com o resultado, o IPCA-15 acumula alta de 2,69% no ano. Já nos 12 meses imediatamente anteriores, o indicador estava em 2,72%. Ambas as taxas estão abaixo do piso da meta de inflação para 2019, estipulada em 4,25% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Para o ano, a estimativa da autoridade monetária é de uma inflação em 3,26%

Serrano explica que, mesmo com um acumulado do ano até setembro abaixo do piso, não há risco de o IPCA de 2019 fechar abaixo da meta. ;É um momento transitório e fica restrito a esse mês, mas vai chegar ao fim do ano a 3,2%. Isso influencia o consumidor. O lado negativo vem por conta da economia fraca, mas o contínuo corte da Selic deve servir de suporte e sustentação econômica num horizonte não tão distante;, ressaltou.

O resultado do IPCA-15 foi pressionado para cima pelo grupo saúde e cuidados pessoais e transportes, que avançaram 0,85% e 0,35%, respectivamente. Já os preços de alimentos e bebidas e do grupo de habitação tiveram deflação de 0,25% e 0,23%, respectivamente, amenizando a taxa do mês.

Enquanto os produtos de higiene pessoal encareceram em média 2,35%, os combustíveis avançaram 0,77%. De acordo com o IBGE, a gasolina, que havia recuado ligeiramente em 0,06% no mês anterior, registrou alta de 0,76% em outubro.

A estudante Isadora Rodrigues de Andrade, 19 anos, moradora da Samambaia Sul, aproveitou que estava no Centro de Taguatinga para ir até uma farmácia com preços melhores, pois havia escutado que as tintas de cabelo e os absorventes estavam mais baratos. ;Perto da minha casa, pago R$ 2 a mais do que aqui. Como compro isso todos os meses, vejo que realmente o preço só aumenta. Aí a gente precisa ir onde está mais barato;, afirmou.

Por outro lado, no grupo de gastos em habitação, o destaque fica na queda no preço da energia elétrica, que recuou 1,43%, com a passagem de bandeira vermelha para amarela na tarifa de setembro para outubro. Já a deflação dos alimentos e bebidas foi liderada pela queda de 0,38% no preço da alimentação em domicílio. A cebola, a batata-inglesa e o tomate tiveram a queda de preços ficando, respectivamente, 17,65%, 14% e 6,1% mais baratos.

Para o motorista de aplicativo Carlos José de Araújo, 49, morador de Taguatinga Sul, em comparação a janeiro deste ano, os preços dos alimentos caíram um pouco, mas ;nada que possa realmente dar uma aliviada para o orçamento de casa;. ;A gente cortou bastante os gastos, só comemos fora nos finais de semana ou na casa de parentes. Mas sem dúvidas os maiores gastos de casa vão mais para a comida;, afirmou.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira


  • Sob controle
    Nos diversos grupos pesquisados, carestia se mantém baixa

    Grupo Impacto (ponto percentual) Outubro/19 (%) Setembro/19 (%)
    Alimentação e Bebidas -0,06 - 0,25 -0,34
    Habitação -0,04 - 0,23 0,76
    Artigos de Residência -0,01 -0,21 -0,40
    Vestuário 0,01 0,14 0,58
    Transportes 0,06 0,35 0,09
    Saúde e Cuidados Pessoais 0,10 0,85 0,09
    Despesas Pessoais 0,02 0,16 0,10
    Educação 0,01 0,09 0,04
    Comunicação 0,0 0,0 -0,06

    Fonte: IPCA/IBGE

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