Economia

Profissionalização de Jovens

Programa voltado aos países do Mercosul vai oferecer 45 mil vagas, tanto de emprego quanto para a preparação profissional dessa faixa da população com pouca experiência

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 25/10/2019 04:05
São Paulo ; O primeiro emprego é uma equação cruel para os jovens. Ao se candidatarem a uma vaga, ouvem que é necessário ter experiência para ter chances no processo de seleção. Mas como atender a essa exigência quando se está chegando ao mercado de trabalho?
Essa realidade se traduz nos números oficiais do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no segundo trimestre de 2019, a taxa de desemprego entre a população de 18 a 24 anos superou o dobro da média geral do país. A desocupação entre os jovens foi de 25,8%, bem acima dos 12% do total. O levantamento apontou que chega a 4,038 milhões os jovens sem emprego.

Um grupo de 59 empresas, encabeçado pela Nestlé, anunciou ontem a oferta de 45 mil vagas ; parte delas para treinamento e outra parte para trabalho ; durante o Encontro de Jovens do Mercosul, que aconteceu em São Paulo. O programa, que está na segunda edição, é voltado a oportunidades de desenvolvimento profissional para quem ainda não tem experiência e integra o Acordo de Empregabilidade Jovem do Mercosul, lançado em 2018. O objetivo é unir o setor privado com os governos dos quatro países do bloco em torno do empreendedorismo e a capacitação para aumentar as chances no mercado de trabalho.

Além do anúncio das vagas, que serão oferecidas até 2020, os participantes dos países do Mercosul tiveram a oportunidade de ver apresentações de especialistas que discutiram sobre as tendências no mercado de trabalho, as diferentes formas de se educar e ouvir histórias de empreendedores, como Cleusa Maria, ex-cortadora de cana que fundou a Sodiê, KondZilla (nome artístico de Konrad Dantas, fundador de um dos canais do Youtube mais acessados no mundo e da produtora de videoclipes) e Edu Lyra, da ONG Gerando Falcões.

Laurent Freixe, CEO da Nestlé para as Américas, acompanhou as atividades no Memorial da América Latina. Para o executivo, as discussões servem tanto para situar os jovens sobre as demandas do mercado de trabalho quanto para mostrar outras possibilidades de inserção. Por exemplo, na agricultura, que cada vez mais tem contato com investimentos em tecnologia para melhorar a produtividade, reduzir desperdícios e os impactos no planeta.

Mas um dos alertas feitos por Freixe é quanto a habilidades que o jovens devem ter e que não tem relação com o que é oferecido em sala de aula. As características psico-sociais, segundo ele, são cada vez mais valorizadas nas corporações. Isso pode passar pela prática de esportes coletivos, o relacionamento com a comunidade onde vive e o engajamento com atividades sociais.

;O enfoque extracurricular é cada vez mais importante para as empresas. Isso ganha cada vez mais relevância porque dentro das corporações as atividades exigem a colaboração, tanto dentro da equipe quanto de diferentes áreas;, diz.
Freixe defende que esses perfis podem fazer a diferença nas corporações. O CEO compara, por exemplo, os ambientes empresarial e esportivo. ;Quem pratica um esporte quer ser mais competitivo, quer ganhar. Acredito que seja como nos negócios. Ali não se trata de uma prática individual, mas coletiva, em que a capacidade de aprender e a habilidade social são fundamentais;.

Tema preocupa
Nesta quinta-feira, o governo divulgou que prepara um pacote de medidas para estimular a geração de empregos para jovens. Segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, as ações federais serão apresentadas em novembro. A meta é melhorar o ambiente para a entrada de jovens a partir de 18 anos no mercado de trabalho.

;O governo está preocupado porque sabe que os jovens têm mais dificuldade de entrar no mercado de trabalho. Vamos potencializar a inserção dessa faixa, que tem taxa de desemprego que beira 30%;, disse o secretário, em entrevista a jornalistas.




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