Economia

Nasce um gigante global: Fiat Chrysler e Peugeot Citroën anunciam junção

Juntas, Fiat Chrysler e Peugeot Citroën se tornam a quarta maior companhia do setor no mundo, com valor de mercado estimado em US$ 50 bilhões, cerca de R$ 200 bilhões

Jaqueline Mendes
postado em 01/11/2019 06:00
[FOTO1]São Paulo ; O grupo automobilístico francês Peugeot Citro;n (PSA) buscou, nos últimos dois anos, um parceiro comercial à altura de suas estratégias globais de mobilidade, incluindo carros elétricos e veículos compartilhados. A procura teria levado a negociações com um grupo chinês e com a General Motors, de quem a PSA adquiriu a marca Opel, em 2017. Mas a união será com a ítalo-americana Fiat Chrysler Automobiles (FCA), dona de marcas como Fiat, Jeep, Dodge e Alfa Romeo.

Na noite de quarta-feira, as duas empresas anunciaram que chegaram a um acordo para a fusão. O novo gigante do setor automobilístico já nasce com valor de mercado estimado em US$ 50 bilhões (cerca de R$ 200 bilhões) e será o quarto maior grupo automotivo do planeta, com quase 9 milhões de carros vendidos, atrás apenas da Volkswagen, da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e da Toyota.

Em comunicado oficial, as empresas divulgaram que ;o plano para combinar os negócios resulta de intensas discussões entre a alta gestão das duas companhias; e que ;ambas compartilham da convicção de que há lógica convincente para esse movimento ousado e decisivo;. Segundo a nota, o objetivo é unificar forças para criar um líder mundial em uma nova era de mobilidade sustentável.

Para o analista sênior da consultoria americana Morningstar, Richard Hilgert, a união das duas companhias vai dar maior musculatura ao grupo em mercados gigantescos, como a China. Segundo ele, apenas com ganhos de sinergia as duas empresas seriam capazes de disputar o maior mercado automobilístico do mundo, responsável por comprar, por exemplo, 50% de todos os automóveis elétricos produzidos atualmente no planeta. ;Vemos a combinação destas duas companhias como razoável dada a competição global, alto nível de investimento e avanços como eletrificação e tecnologias de direção autônoma", disse Hilgert.

O contrato pré-nupcial prevê que os acionistas da FCA e da PSA terão o mesmo poder no controle do grupo: 50% para cada lado. As ações da companhia serão negociadas nas bolsas de Milão, Nova York, Paris e no pregão da Euronext. Também ficou acordado que o atual presidente da FCA, John Elkann, assumirá a presidência do Conselho da nova montadora, enquanto o executivo-chefe da PSA, Carlos Tavares, será o CEO e membro do Conselho, com mandato inicial de cinco anos. Tavares afirmou que ;essa convergência traz valor significativo para todas as partes envolvidas e abre um futuro brilhante para a entidade combinada;.

O atual CEO da FCA, Mike Manley, também celebrou a fusão. ;Temos uma longa história de cooperação com o Grupo PSA. Estou convencido de que poderemos criar uma empresa líder em mobilidade global", disse Manley. Ele declarou, ainda, que acredita que o grupo que nasce agora tem potencial para mudar a realidade do setor no mundo. Os números reforçam essa ideia, já que a nova companhia terá cerca de 400 mil funcionários e tem a meta de gerar quase 4 bilhões de euros em sinergias anuais de curto prazo, e já anunciou que não pretende fechar nenhuma fábrica ; diferentemente do que outras montadoras estão fazendo mundo afora.

Somadas, as receitas da FCA e da PSA chegam a quase R$ 750 bilhões, com lucro operacional recorrente em torno de R$ 50 bilhões. O comunicado divulgado pelas companhias destaca pontos cada vez mais importantes para o setor, como mobilidade conectada, veículos elétricos e autônomos e investimentos em pesquisas e sustentabilidade. De acordo com o texto, o objetivo é ;estimular a inovação e vencer desafios com rapidez e eficiência de capital;.

A nova companhia produzirá veículos de todos os segmentos em que FCA e PSA já têm atuação de peso, como carros de luxo, premium, de passeio, SUVs, picapes e comerciais leves. A intenção é ;agregar as capacidades extensivas e crescentes das empresas em termos de tecnologias que estão criando uma nova era da mobilidade sustentável, incluindo motorização elétrica, direção autônoma e conectividade digital;. Já foi definido, também, que a sede da empresa será na Holanda e que seu Conselho de Administração terá representação equitativa e maioria de diretores independentes.

Agora, a proposta da fusão será submetida ao processo de informação e consulta aos órgãos representantes dos empregados e estará sujeita às condições habituais de fechamento da operação, incluindo aprovações finais do Memorando de Entendimentos pelos Conselhos de Administração e acordo sobre documentação definitiva.

De fusão e aquisição, FCA e PSA entendem. Ambas as empresas são resultado de fusões anteriores. A FCA nasceu da união entre os grupos Fiat e Chrysler, enquanto que a PSA é resultado da incorporação da Citro;n pela Peugeot, da alemã Opel e da britânica Vauxhall. Nos dois casos, os processos de fusão foram bem-sucedidos, criando companhias mais fortes, sólidas e lucrativas.

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