postado em 01/11/2019 04:05
A taxa de desemprego no Brasil baixou de 12% para 11,8%, entre junho e setembro, queda de 0,4 ponto percentual. E se manteve estável na comparação com o mesmo trimestre de 2018 (11,9%). Apesar da redução, 12,5 milhões de pessoas ainda estão fora do mercado, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que preocupa os analistas é que o emprego de baixa qualidade persiste: os trabalhadores por conta própria já são 24,4 milhões, novo recorde na série histórica, com crescimento de 1,2% ; mais 293 mil pessoas ; ante o trimestre anterior e de 4,3% (mais 1 milhão), no confronto com o mesmo período de 2018.
Pelos dados do IBGE, com o aumento de cerca de 459 mil vagas, no trimestre encerrado em setembro, a população ocupada chegou a 93,8 milhões, recorde na série histórica que teve início em 2012. ;Temos mais pessoas trabalhando e menos pessoas procurando trabalho. Essa queda na taxa é normalmente observada nos meses de setembro, é uma sazonalidade típica do mercado de trabalho. O ano geralmente começa com mais pessoas procurando trabalho e no terceiro trimestre há tendência de reversão;, explica a analista da Pnad Contínua, Adriana Beringuy. ;Mas a questão é a qualidade dessa forma de inserção informal;, reforça.
Prova
A geração de postos de trabalho é, em grande parte, explicada pelas altas de 2,9% no emprego sem carteira no setor privado, que registrou 11,8 milhões de empregados e de 1,2% de trabalhadores por conta própria, que totalizavam 24,4 milhões de pessoas. A prova do aumento dos ;bicos; fica clara quando se constata que, na construção civil, o avanço na contratação foi de 3,8% (mais 254 mil). ;Mas o emprego não foi ofertado por grandes empreiteiras que contratam com carteira assinada. São obras e reformas em pequenos prédios, com profissionais que trabalham por conta própria;, analisa Adriana Beringuy.
É importante destacar, de acordo com Pedro Galdi, economista da Mirae Asset, que a economia iniciou uma reação, timidamente, no segundo semestre ; diferente do primeiro, quando a confiança de investidores e empresários estava em baixa. ;Vamos demorar ainda quatro ou cinco anos, talvez até mais, para chegarmos à taxa de desemprego próxima ao ideal, de 4% ao ano;, disse. Isso não depende somente da abertura de novas vagas. ;É claro que falta oferta de emprego, o consumo despencou, a demanda por crédito caiu drasticamente diante de 63 milhões de negativados. Mas o emprego de baixa qualidade se deve, principalmente, à baixa qualificação do profissional brasileiro. Até que todos esses fatores se alinhem, não teremos mudanças radicais no curto prazo;, destaca Galdi.
Reformas
O economista diz ainda que a reforma da Previdência foi importante, mas a equipe econômica não pode parar por aí. Tem que entregar as reformas tributária, política e administrativa. ;O Brasil não pode se dar o luxo de dar mais um voo de galinha. De tudo que o governo arrecada, 40% vão para aposentados, 20% para salários de servidores ativos e 20% para pagamento da dívida. Sobram cerca de 20% para investimento. Por isso que as reformas estruturais não podem parar;, salientou.
Com o baixo nível de escolaridade, o salário não cresce. Os dados do IBGE confirmam que o rendimento médio real habitual, de R$ 2.298 no trimestre terminado em setembro de 2019, ficou estável, tanto em comparação aos três meses anteriores quanto ao mesmo período do ano anterior.