Agência Estado
postado em 06/11/2019 19:02
O cenário mais volátil predominou na sessão de negócios desta quarta-feira, em especial entre os principais ativos da carteira teórica do índice Bovespa por conta do sentimento de frustração dos investidores com o leilão do excedente da cessão onerosa. Mas, para analistas, o desfecho do pregão desta quarta-feira não muda a tendência positiva para a bolsa em uma conjuntura melhor das variáveis econômicas, como juros em queda, melhora das condições de crédito e retomada, mesmo que lenta, da economia.
O índice à vista variou mais de dois mil pontos na parte da manhã para depois seguir em queda e ir em direção ao piso dos 108 mil já quase eliminando os ganhos na semana. De acordo com analistas, pesou sobre o comportamento dos ativos o exterior com notícias de que a assinatura do acordo entre Estados Unidos e China pode ser adiada para dezembro.
A análise negativa para o resultado do certame se sobrepôs, inclusive, à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) paralela, que envolve Estados e municípios na reforma da Previdência. O texto foi aprovado com folga na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado com rejeição de tentativas de alteração pedidas pela oposição. Até o momento do fechamento deste texto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), dizia que o plenário da Casa poderia fazer a votação em primeiro turno ainda nesta quarta.
Régis Chinchila, analista Terra Investimentos, afirma que, em um ambiente pós-aprovação da reforma da Previdência, o leilão da cessão onerosa era um marco que serviria como termômetro da atratividade do Brasil ao capital estrangeiro.
Do ponto de vista corporativo, o resultado do leilão foi bom para a Petrobras, que acabou ficando com um campo de petróleo que seria vendido para algum concorrente. Mas, por outro lado, o governo acaba perdendo receita e isso pesa pelo lado fiscal. De fato, as expectativas dos recursos que seriam repartidos entre os governos estaduais caíram à metade com o resultado desta quarta.
O Ibovespa encerrou em baixa de 0,33%, aos 108.360,22 pontos. As ações da Petrobras fecharam com sinais mistos, sendo que as preferenciais tiveram alta de 0,20% e as ordinárias, baixa de 0,43%. Vale ON recuou 0,36%. Itaú Unibanco PN e as Units do Santander, que na sessão da véspera tiveram altas expressivas, recuaram 1,35% e 1,42%, respectivamente.
Na contramão das blue chips, as ações do setor de varejo se destacaram em alta com expectativas de melhoras nas condições de crédito. Nesta terça o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que o crédito livre tem crescido a um ritmo bastante desejável, mas admitiu que ainda há um sentido - compartilhado pela autoridade monetária - de que os juros cobrados dos tomadores deveriam estar caindo mais rapidamente. Ele disse também que, com a consolidação do cenário benigno de inflação, deve haver novo corte de juros.