Economia

Juros longos sobem com câmbio e piora de risco fiscal após megaleilão

Agência Estado
postado em 06/11/2019 18:39
A curva de juros voltou a ganhar inclinação nesta quarta-feira, com as taxas de médio e longo prazos em alta e as curtas oscilando entre a estabilidade e viés de baixa. No fechamento, as curtas estavam nos ajustes de terça e as demais avançavam cerca de 10 pontos-base. A frustração com o resultado do leilão do óleo excedente da cessão onerosa de quatro campos do pré-sal foi estopim para a incorporação de prêmios na maioria das taxas, tanto pela pressão produzida no câmbio quanto pela piora da percepção de risco fiscal em função da arrecadação abaixo da esperada. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,490% tanto a etapa estendida quanto a regular, de 4,489% terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,471% para 5,57% na regular, mas voltou a 5,54% na estendida. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxas de 6,12% (estendida) e 6,14% (regular), de 6,021%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 6,341% para 6,47% (regular) e 6,44% (estendida). Um dos eventos mais esperados dos últimos tempos, o leilão tinha arrecadação estimada em R$ 106 bilhões e expectativa de grande participação de empresas estrangeiras. Porém, dos quatro campos, apenas dois foram vendidos, Búzios e Itapu - Atapu e Sépia não tiveram lances. A Petrobras, com a ajuda das chinesas CNOOC e CNODC, foi a única a apresentar ofertas. Ao todo, a estatal e as sócias pagaram 66% dos R$ 106 bilhões de bônus de assinatura que seriam cobrados dos vencedores - R$ 69,96 bilhões. Desse valor, R$ 34 bilhões serão pagos à Petrobras e R$ 11,7 bilhões para Estados e municípios. Restaram R$ 23,5 bilhões para a União. Se todos os campos fossem vendidos, a União ficaria com R$ 49 bilhões dos R$ 106 bilhões estimados. Ainda, os cerca de R$ 11,7 bilhões que Estados e municípios vão receber representam cerca de R$ 12 bilhões a menos do que esperavam. A expectativa inicial era maior: R$ 23,747 bilhões. Os cálculos foram feitos pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. "Houve frustração do ponto de vista fiscal com os cerca de R$ 70 bi. Outro componente de pressão na ponta longa foi quem arrematou: a Petrobras. Havia expectativa de que entraria dinheiro estrangeiro que pressionaria dólar para baixo, o que não aconteceu", disse o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii. O dólar subiu mais de 2% e voltou a R$ 4,08.

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