Economia

Lucro dos bancos cresce puxado pelo crédito no varejo

Agência Estado
postado em 09/11/2019 08:38
Com maior apetite para emprestar para famílias e pequenas empresas e o calote ainda sob controle, os grandes bancos conseguiram entregar mais um trimestre de resultados crescentes. Pressionados por aumento de concorrência e o peso do legado das estruturas inchadas e caras, as linhas de receitas e despesas seguiram em xeque, com os bancos cortando gastos e ampliando seus portfólios para não ficarem para trás na briga com as fintechs. Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander Brasil apresentaram lucro líquido de R$ 21,946 bilhões no terceiro trimestre, cifra 19% maior em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 18,435 bilhões. "Os bancos continuam entregando resultados robustos, estão bem posicionados e com níveis de capital regulatório adequado para acelerar crescimento de carteira de crédito no ciclo de retomada da economia a frente", avalia o diretor de renda variável da Eleven Financial, Carlos Daltozo. A boa notícia, segundo ele, foi a retomada do crescimento das carteiras de grandes empresas após um bom tempo de retração. No Itaú, a carteira de crédito corporativo teve a primeira expansão em mais de três anos, impulsionada por operações no mercado de capitais. O motor para o crédito, contudo, tem sido as pessoas físicas e as pequenas e médias empresas. A aceleração do crescimento das carteiras no terceiro trimestre associada ao fim do ano, tradicionalmente mais ativo, encorajam os bancos a mirarem o centro dos guidances (metas) neste ano e, quem sabe, o topo, cravando dois dígitos de expansão. Apesar do maior apetite para emprestar, os calotes permaneceram sob controle. Variações foram registradas, mas ainda não despertaram preocupação no mercado. Apesar de os bancos privados terem sido enfáticos de que a piora é pontual, analistas chamam atenção para um holofote quanto à tendência do indicador ao longo de 2020. Do lado das receitas, o aumento da concorrência pesou. Os grandes bancos esperam compensar o ataque das fintechs com escala e fidelização dos clientes. Para isso, têm reforçado a abertura de contas e apostado em uma oferta diferenciada como, por exemplo, o Itaú, que abriu sua plataforma de pagamentos, a Iti, para o mercado em geral, e o Bradesco, que tem reforçado o seu banco digital, o Next. Também segue no radar do mercado as despesas dos bancos. Em um esforço para controlar os gastos e adequarem suas estruturas, os pesos pesados do setor têm fechado agências e enxugado o quadro de pessoal. O Bradesco anunciou um plano de medidas para controlar seus gastos. Depois de fechar 50 agências, o banco espera encerrar mais 400 até o ano que vem. O Itaú eliminou 200 e prevê repetir a dose até o fim do ano. Por fim, BB enxugou sua rede em mais de 460 agências neste ano, mas não espera seguir na mesma toada em 2020. Em termos de contingente, juntos, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil cortaram 9,6 mil funcionários. O movimento de fechamento de agências e redução de quadro foi bem recebido por analistas, que esperam que a estrutura de despesas dos grandes bancos em 2020 seja beneficiada após estes movimentos, com exceção do Santander, que sege na contramão, reforçando suas operações. O BB entregou o maior crescimento no período. Impulsionado por margens e receitas crescentes, o lucro líquido ajustado do banco somou R$ 4,543 bilhões, 33,5% maior em um ano. Contrariando o temor de alguns investidores, a rentabilidade dos grandes bancos seguiram em patamares elevados. Enquanto o Itaú permaneceu na liderança, com retorno estável de 23,5%, o Santander se manteve na segunda colocação e o Bradesco na sequência. O BB encostou nos pares privados, com rentabilidade de 18%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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