Jornal Correio Braziliense

Economia

Mercado aquecido para compra da casa própria

Redução dos juros, expansão do crédito e perda da atratividade nas aplicações financeiras provocam um aumento na procura por imóveis. Demanda, no entanto, tende a ser maior que a oferta, avaliam corretores e empresários do setor

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O mercado está aquecido e a hora é apropriada para a realização do sonho da casa própria, para quem ainda paga aluguel, ou para a troca do imóvel atual por um maior, ou ainda para investir no setor ; já que as aplicações financeiras tradicionais começam a ficar pouco atrativas. O incentivo ao movimento dos consumidores, de acordo com especialistas, é porque inflação e juros estão baixos, e o crédito imobiliário vem se expandindo. Mas como o estoque disponível é pequeno, a demanda tende a ser maior que a oferta. A pressão vai fazer os preços ficarem mais salgados. Portanto, quem estava esperando uma oportunidade, deve aproveitar enquanto é tempo, aconselham.
;Nunca tivemos um momento tão oportuno para comprar imóvel. Os estoques estão próximos a zero. Temos lançamentos. As construções que ficarão prontas daqui a um ano, já estão com 50% das unidades vendidas;, afirma Wilson Charles Oliveira, diretor comercial da Construtora Emplavi, especializada em imóveis de alto padrão. O ano de 2018, segundo ele, foi muito bom para a empresa. Mas em 2019, até setembro, já vendeu 20% de unidades a mais ; com alta de semelhante percentual no faturamento. Ele prevê que esse ;ciclo de desenvolvimento; vai também movimentar o mercado de usados, na mesma proporção. ;As portas estão abertas para a negociação;, afirma Oliveira.

De acordo com o diretor da Emplavi, os investidores também devem estar atentos. Em Brasília, o metro quadrado no bairro Noroeste está em média em R$ 12 mil. No Plano Piloto, varia entre R$ 8 mil a R$ 12 mil. ;Tanto a caderneta de poupança quanto fundos de investimento e as ações na bolsa tendem a reduzir o retorno. A opção é mudar para um bem seguro, de raiz. Mas lembre-se de que será difícil, daqui a alguns meses, encontrar esses valores;, aconselha. Pedro Ávila, diretor comercial da PaulOOctávio Construtora, ressalta que, na Bolsa de Valores de São Paulo, desde janeiro, os fundos imobiliários já captaram aproximadamente R$ 4,4 bilhões. ;Sinal de que os investidores acreditam no mercado. O ano de 2020 será de muitos negócios;, prevê.

Nos cálculos de Ávila, quem compra um imóvel, por exemplo, por R$ 1 milhão terá retorno de 0,3% ou 0,4% ao mês se alugar por R$ 4 mil, cerca de 6% ao ano. Ele também aconselha rapidez na análise de compra da casa própria e dos investimentos. ;Nosso produto é de construção de longo prazo. Demora cerca de seis a sete anos. Em Brasília, temos 2.708 imóveis, sendo que 73,4% estão em construção e somente 26,6% estão prontos. No início do ano, essa comparação empatava em 50%. Mas com a taxa básica de juros (Selic) em 5%, com tendência a chegar a 4,5% em dezembro, inflação de 2,54%, em 12 meses, e dólar próximo aos R$ 4, tudo mudou. Estamos otimistas. O crescimento é sustentável;, garante.

Mais empregos

Dilton Junqueira, diretor-geral da Brasal Incorporadora, conta que vendas e faturamento cresceram 25% em 2019, em comparação com o ano passado. ;A alta vem sendo gradual. Em 10 ou 12 meses, nosso estoque praticamente chega ao fim. Aí, vamos ter que aguardar os lançamentos. A tendência é o preço subir;, reitera. Ele ressalta que, além da alta nas vendas dos imóveis residenciais e comerciais, o que deve ser observado com lupa é o comportamento dos investidores. ;Começaram a diversificar. Estão se concentrando menos no mercado financeiro. Isso é bom, porque o dinheiro tem que vir mesmo para a produção.;

Junqueira, no entanto, está de olho no crescimento econômico. ;Ele só virá de forma sustentável com o emprego. É o emprego que gera renda e acesso ao banco e ao crédito. As pessoas precisam de dinheiro para comprar. Por isso, as reformas são importantes para facilitar a liberação de verbas para o setor produtivo abrir vagas;, alerta.

O presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF), Eduardo Aroeira, opina que as perspectivas para o mercado imobiliário são realmente boas. Na capital, de janeiro a setembro de 2019, houve alta de 66% nos lançamentos (25 empreendimentos) em relação a todo o ano de 2018 (15). Além disso, nos nove primeiros meses, a média do Índice de Velocidade de Vendas (IVV) de imóveis residenciais foi de 7,6%. ;Somente em setembro, o índice foi de 7,5%, o melhor desempenho para o mês, desde 2015;, revela. O setor leva em conta que um IVV na casa dos 5% representa uma velocidade adequada para a venda de um empreendimento. ;É bom ver que o imóvel voltou a ser um investimento;, diz.

No entanto, de acordo com Aroeira, o boom de vendas que ocorreu em 2010 e 2011 não deve se repetir. ;Naquela época, o mercado não estava preparado. Houve uma movimentação atípica que, na verdade, não foi de todo positiva. Agora, a atividade vai aumentando de tamanho gradativamente e de acordo com o desempenho da economia;, conta. Ele diz que, entre as várias informações do mercado imobiliário do DF, a pesquisa do IVV aponta a variação do preço médio por metro quadrado em cada região. Em setembro, a Asa Norte registrou o maior valor de oferta: R$ 13.940,50; o mais baixo foi em Santa Maria: R$ 2.941,99.
* Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca


;Nunca tivemos um momento tão oportuno para comprar imóvel. Os estoques estão próximos a zero. Temos lançamentos. As construções, que ficarão prontas daqui a um ano, já estão com 50% das unidades vendidas;

Wilson Charles Oliveira, diretor comercial da Construtora Emplavi