postado em 19/11/2019 04:34
[FOTO1]As receitas extraordinárias obtidas pelo governo neste ano, como os bônus de assinatura arrecadados com os leilões de campos de petróleo, levarão as contas federais a terminarem o ano com deficit primário abaixo de R$ 80 bilhões, ante previsão legal de R$ 139 bilhões, disse ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes. A melhora nas contas possibilitou ao governo anunciar, ainda, o total descontingenciamento dos R$ 14 bilhões que estavam bloqueados no Orçamento, como havia sido aventado na semana passada.
;Não foi um ano fácil, mas já estamos lançando raízes de bons resultados para 2020 também;, disse Guedes, no Palácio do Planalto. ;Nosso governo queria reverter a trajetória de expansão descontrolada dos gastos públicos. Isso era uma questão de princípio;, afirmou. Somente o leilão das áreas da cessão onerosa, no último dia 6, proporcionou uma arrecadação de R$ 69,9 bilhões. Desse total, R$ 23,7 bilhões ficarão com a União ; e R$ 16,8 bilhões entrarão ainda este ano nos cofres do Tesouro.
O ministro informou que, na próxima semana, o governo enviará ao Congresso uma mensagem modificativa do Orçamento de 2020. O documento incorporará o efeito de medidas encaminhadas este ano, prevendo a revisão de despesas que abrirão espaço para o teto de gastos. Os números não foram informados. O deficit primário previsto para o próximo ano, entretanto, permanecerá inalterado em R$ 124,1 bilhões.
A equipe econômica sustenta que não há incoerências com a redução do deficit este ano e a manutenção da projeção do rombo para o próximo. ;Teremos uma série muito grande de concessões no próximo ano, muitas delas terão bônus de outorga, o que melhorará a execução do Orçamento;, destacou Guedes. ;Ao manter o deficit previsto de R$ 124 bi, não estamos considerando antecipação de dividendos, nem os leilões dos campos que não foram arrematados. Todos esses efeitos vão ajudar a reduzir a meta;, explicou o secretário executivo da Receita Federal, Waldery Rodrigues.
Com a liberação do Orçamento, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, destacou que os ministérios terão totais condições para concluir ;tudo aquilo que estava programado;. O desbloqueio também abrirá espaço para o pagamento de R$ 8 milhões em emendas não impositivas a deputados e senadores.
- Dólar sobe e bate recorde
Refletindo o nervosismo do mercado financeiro, o dólar subiu 0,31% ontem e terminou o dia cotado a R$ 4,206, maior valor nominal desde o Plano Real, em julho de 1994. O estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, atribuiu a disparada a uma junção de fatores, a começar pela nova piora do clima nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China. Há ainda pessimismo com a situação política da América Latina. Além disso, a saída de dólares da economia continua: neste ano, já foram US$ 21,5 bilhões. A Bolsa de Valores de São Paulo operou quase todo o dia com ganhos, mas o Ibovespa, principal índice de lucratividade, acabou sucumbindo e terminou em queda de 0,27%, a 106.269 pontos.