Agência Estado
postado em 25/11/2019 18:49
A semana começou com juros em alta e aumento da inclinação da curva a termo, refletindo principalmente o mau humor dos investidores com mercados emergentes, que atingiu em cheio o real, e também dados ruins da agenda local. As taxas curtas fecharam o dia perto da estabilidade e as demais avançaram, especialmente as da ponta longa, mais sensíveis ao exterior.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 encerrou em 6,85% (sessão regular) e 6,89% (estendida), de 6,771% na sexta-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 6,451% para 6,54% (regular) e 6,57% (estendida). O vencimento para janeiro de 2023 encerrou em 5,94% (regular) e 5,98% (estendida), de 5,881% na sexta, e a do DI para janeiro de 2021 fechou em 4,65% (regular) e 4,69% (estendida), de 4,649% no ajuste anterior.
O dólar se fortaleceu ante boa parte das demais moedas nesta segunda-feira, sobretudo ante emergentes, com o real tendo o pior desempenho no grupo. "Isso ajudou a elevar os prêmios na curva", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. A moeda voltou a superar os R$ 4,22 hoje nas máximas e teve seu pico histórico de fechamento, aos R$ 4,2145.
Mesmo hoje com uma melhora na perspectiva para a "fase 1" do acordo entre a China e os Estados Unidos, as incertezas sobre um entendimento estão longe de se dissipar e ainda há as tensões sociais na América Latina a afugentar os investidores. Relatório da Fitch Ratings mostrou que as pressões de piora nas classificações de risco soberano da região vão persistir em 2020. "A América Latina inclui o número mais alto de perspectiva negativa para ratings soberanos entre todas as regiões do mundo", afirma o relatório. O Brasil, ao contrário de outros países da região, tem mostrado progresso nas reformas, ressalta a Fitch, falando da aprovação da Previdência. No entanto, medidas adicionais são necessárias para melhorar as contas fiscais brasileiras, ressalta o texto.
A despeito do aumento do otimismo sobre o PIB, visto hoje nas projeções da pesquisa Focus - a mediana para 2019 subiu de 0,92% para 0,99% e a de 2020, de 2,17% para 2,20% -, o mercado vê piora de fundamentos do setor externo, que começa a preocupar, mesmo com o câmbio mais desvalorizado. O Banco Central informou hoje déficit de US$ 7,874 bilhões nas transações correntes em outubro - o segundo pior da série histórica para o mês - e abaixo do piso das estimativas do mercado, de déficit de US$ 6,10 bilhões.
Economistas já enxergam possibilidade de uma degradação mais intensa da balança comercial, com déficits mensais, e uma piora na relação entre Investimento Direto no País (IDP) e déficit em conta corrente, com alguns analistas apontando, inclusive, a possibilidade de inversão, ou seja, de que o fluxo de IDP não consiga financiar mais o rombo em transações correntes.