Economia

Banco Central vai mudar cheque especial, anuncia Roberto Campos Neto

Presente ao Correio Debate, o presidente da autoridade monetária também falou de câmbio e explicou porque o BC fez duas intervenções nesta terça-feira, quando o dólar superou R$ 4,23

Simone Kafruni
postado em 26/11/2019 19:47

[FOTO1]O Banco Central estuda uma reengenharia de cobrança do cheque especial e deve anunciar uma medida em breve, antecipou, nesta terça-feira (26/11), o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, durante o seminário Correio Debate: Desafios para 2020 ; O Brasil que nos aguarda, realizado no auditório do jornal. Segundo ele, o perfil de quem mais usa essa modalidade de crédito emergencial, que tem as maiores taxas do mercado, é 44% com renda até dois salários mínimos e 67% com escolaridade até o ensino médio. ;Ou seja, há um componente de baixo rendimento associado à falta de educação financeira;, ressaltou Campos Neto.

[SAIBAMAIS]Por conta disso, 21% dos brasileiro estão com endividamentos com juros de mais de 300% ao ano. ;Está claro que essa pessoa não vai conseguir pagar. Por isso, estudamos modificar a cobrança do cheque especial. Hoje, os juros são muito altos, porque, para garantir um limite o banco tem custo, porque o regulador tem que cobrar por aquele dinheiro que pode ser sacado a qualquer momento;, explicou. ;A modalidade é tão regressiva porque, se você tem um limite enorme, mas não usa, quem paga são os endividados;, assinalou.

Roberto Campos Neto também comentou sobre a política cambial, sobretudo porque a moeda norte-americana passou dos R$ 4,23. ;A política monetária se faz com juros, o câmbio é flutuante. As intervenções que temos feito são para atenuar movimentos fora do normal. Como o câmbio descolou muito hoje, fizemos duas intervenções. Mas não são movimentos de longo de prazo;, justificou.

O presidente do BC observou a curva da taxa de juros básicos, a Selic, que está em 5% e reiterou que deve fechar o ano em 4,5% com mais uma redução em dezembro. ;O BC controla a Selic, mas não a taxa de juros de longa duração. Os projetos de infraestrutura são de longo prazo, por isso temos que fazer movimentos no curto prazo que se propaguem no longo prazo;, explicou. Como o retorno de projetos de infraestrutura ficam em torno de 8,5% a 9%, ter taxas futuras acima de 12%, como já ocorreu, inviabiliza projetos;, afirmou. ;Temos que ter credibilidade e aumentar a potência da política monetária. A agenda de reformas facilita a queda de juros no longo prazo;, disse.

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