postado em 27/11/2019 04:13
[FOTO1]A alta do dólar este ano responde a várias razões de origem nacional e internacional, como remessas de lucros de empresas para suas sedes no exterior, redução do saldo da balança comercial brasileira, além de turbulências políticas internas e no exterior, como as ondas de protesto na América Latina, que levam investidores a buscar mercados mais estáveis. Outra razão de instabilidade internacional é a disputa comercial entre os Estados Unidos e a China.
Nos últimos cinco meses, as reservas internacionais brasileiras tiveram redução de US$ 22,7 bilhões e, nos últimos 12 meses, já saíram do país US$ 40 bilhões. Segundo relatório do banco suíço UBS, se anualizada, a saída de dólares dos últimos três meses somaria US$ 75 bilhões. De acordo com o último dado disponível do BC, o volume das reservas internacionais somava US$ 369,8 bilhões em 18 de novembro, ou seja, antes das intervenções feitas hoje pelo Banco Central para conter a alta da moeda. O BC não divulgou o valor das operações totais de hoje.
Uma das razões para a saída das dívidas é a queda da taxa de juros, que atualmente está em 5% ao ano, a mais baixa desde 1999, mas com perspectivas de fechar 2019 em 4,5%, de acordo com o Comitê de Política Econômica (Copom) do BC. Com rendimentos mais baixos, investimentos estrangeiros buscam outros mercados mais seguro ou mais rentáveis.
Tony Volpon, economista-chefe do UBS, apontou como causas da fuga de dólares o desastre do rompimento da barragem Córrego do Feijão, em Brumadinho, no início do ano e a moratória da dívida argentina em setembro, além da instabilidade econômica global. ;Não tem uma causa única, é uma conjuntura de causas direcionadas. Há uma questão estrutural e há coisas pontuais, que não têm a ver com o Brasil. Tem havido uma saída de dinheiro de mercados emergentes;, disse.
Para ele, o crescimento econômico é que vai anular parte do efeito negativo que a queda dos juros e as pressões internacionais estão exercendo sobre o preço da moeda americana. ;Eu acho que a grande questão do câmbio é se vai ter crescimento ou não. Se sairmos do atual patamar de crescimento de 1% para 2,5%, deve haver um impacto positivo sobre o real;, disse o economista, que aposta em uma taxa de câmbio de R$ 3,95 no fim do ano, com base na expectativa de queda do dólar mundialmente.