Economia

Dólar mantém alta: R$ 4,26

Mesmo com novo leilão de venda promovido pelo Banco Central, moeda norte-americana segue em tendência de elevação e sobe mais 0,50%. Para analistas, cenário deve continuar volátil, mas indicador que mede o risco do país diminui

Correio Braziliense
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postado em 28/11/2019 04:05
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Apesar de o Banco Central ter realizado, ontem, um terceiro leilão extraordinário de venda de dólares como forma de conter a alta da moeda, a divisa norte-americana renovou a máxima, encerrando o dia cotado a R$ 4,259 para a venda, com alta de 0,50% sobre a véspera. De acordo com analistas ouvidos pelo Correio, o mercado está testando a disposição do BC de segurar o dólar, que chegou a atingir o pico de R$ 4,27. Entre eles, é consenso que a moeda deverá ficar acima de R$ 4 neste fim de ano, principalmente porque empresas estrangeiras tendem a aumentar as remessas de lucros e dividendos para as matrizes, o que amplia a demanda por dólares.

O mercado também ficou inquieto porque o BC elevou a estimativa para o deficit em conta-corrente ; que contabiliza as trocas comerciais e financeiras com o resto do mundo ;, devido à queda das exportações, entre outros motivos. O quadro piorou com os comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre câmbio. Em novembro, o fluxo de saídas líquidas somou US$ 1,159 bilhão até o dia 22, conforme dados do BC. ;O câmbio pegou uma dinâmica de cenários interno e externo mais negativos para o real e, por isso, o dólar começou a subir. A fala do ministro causou mais insegurança no quadro de curto prazo, que não era favorável;, explicou o economista Antônio Madeira, da LCA Consultores.

Para o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o cenário para o mercado de câmbio deverá continuar turbulento. ;Os riscos do cenário internacional permanecem, com desaceleração mundial esperada para 2020, eleição conturbada nos Estados Unidos e possível recessão acontecendo por lá;, explicou. Por aqui, segundo Vale, ;os riscos políticos se somam à economia ainda fraca e aos ruídos que aconteceram ao longo das últimas semanas, como o fracasso do leilão da cessão onerosa, os efeitos da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e, agora, as falas do ministro Paulo Guedes.;

Vale destacou que o deficit em conta-corrente pior do que o esperado ;agrava as expectativas da taxa de câmbio;. ;O diferencial de juros domésticos e externos também não tem sido favorável, e há muito pré-pagamento de dívida lá fora para aproveitar os juros mais baixos aqui. Tudo isso conspira para que o câmbio continue depreciado nos próximos meses;, emendou.

Contramão


Apesar da escalada do dólar, o Credit Default Swap (CDS), um dos termômetros do risco soberano, caiu, mostrando um descolamento do mercado de câmbio, segundo analistas. O indicador para os contratos de cinco anos de CDS do Brasil chegou a 123,4 pontos, ontem, após ter subido três pontos na véspera, de 124 para 127 pontos. Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que acabou zerando os ganhos no meio do dia, ficando abaixo de 107 mil pontos, fechou com alta de 0,61%, a 107.708 pontos.

;Desde outubro, houve um descolamento dos fundamentos do mercado de câmbio com o CDS. A percepção de frustração com a cessão onerosa e o cenário conturbado na América Latina têm ajudado a desvalorizar o real, e a tendência é que o câmbio continuará volátil nos próximos dias;, destacou Júlia Gottlieb, economista do Itaú Unibanco. Segundo ela, o dólar deverá continuar acima de R$ 4 neste ano e em torno de R$ 4,15 em 2020.

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