postado em 29/11/2019 04:15
Um aumento inesperado de quase US$ 4 bilhões nos dados das exportações de novembro, divulgado pelo Ministério da Economia, ajudou o Banco Central a conter a disparada do dólar ontem. A moeda norte-americana teve a primeira queda na semana, de 0,99%, terminando o dia cotada a R$ 4,217 para a venda.
Pela manhã, o BC realizou leilão de US$ 1 bilhão das reservas cambiais, um dia depois de o dólar ter alcançado novo recorde de fechamento, de R$ 4,26. A divisa chegou a recuar para R$ 4,23 logo após a abertura do mercado, mas subia para R$ 4,25 pouco antes de a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgar comunicado com os novos dados.
Devido a ;problemas técnicos; na transferência dos números das primeiras quatro semanas de novembro, a Secex corrigiu o volume das exportações de US$ 9,7 bilhões para US$ 13,5 bilhões. Como isso, o resultado da balança comercial passou de um deficit de US$ 1,1 bilhão para um superavit de US$ 2,7 bilhões, uma correção que não costuma ocorrer com frequência no órgão.
A pasta ainda informou que deverá também avaliar os dados de outubro. Um dos motivos do mau humor do mercado de câmbio nos últimos dias, além das polêmicas declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi a queda nas exportações, que elevou o deficit em conta-corrente de outubro divulgado pelo BC.
Desaceleração
;Essa revisão sinaliza que a desaceleração das exportações está em um ritmo menor do que antes. Contudo, a demanda externa está fraca;, destacou a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara. ;A revisão da balança foi importante para segurar a alta do dólar e se somou ao leilão do Banco Central;, explicou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. Ele lembrou que o feriado de Ação de Graças nas bolsas norte-americanas, ontem, ajudou a evitar instabilidade maior no mercado interno, apesar das declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apoiando as manifestações de Hong Kong e de o governo chinês avisando que pretende retaliar.
Conforme o último dado do BC, as reservas internacionais somavam US$ 367,5 bilhões em 27 de novembro ; R$ 22 bilhões menos do que o pico de US$ 389,5 bilhões, de 23 de agosto. Em mais uma iniciativa para acalmar o mercado, o BC anunciou ontem à noite que, a partir de 2 de dezembro, fará leilões de swaps cambiais para rolar as posições dos bancos com vencimento a partir de fevereiro.