postado em 30/11/2019 04:14
O dólar voltou a subir ontem e terminou o dia cotado a R$ 4,240 para a venda, com alta de 0,55%. Na semana, a moeda acumulou elevação de 1,19%, confirmando um novo patamar, acima de R$ 4,20. E, pelas projeções dos analistas e operadores do mercado, a divisa deverá ficar acima de R$ 4 também no ano que vem. Enquanto isso, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) recuou 0,05%, fechando a 108.239 pontos, em um dia em que as empresas de varejo tiveram destaque devido à Black Friday. O Índice Bovespa subiu 0,79%, na semana, e acumula alta de 22,96% no ano.
De acordo com analistas, o mercado não perdoou o deslize do ministro da Economia, Paulo Guedes, pelos comentários sobre câmbio e juros na última segunda-feira, áreas de competência do Banco Central, subordinado à pasta. A luz amarela acendeu diante da sinalização de uma interferência na autonomia da autoridade monetária, combinada à frustração do leilão da cessão onerosa, que ficou abaixo das expectativas, e com o aumento do deficit na balança de pagamentos. Apesar de dados positivos como juros, inflação e risco país, o câmbio descolou dos fundamentos e batendo recordes nominais sucessivos. Com isso, alguns analistas começam a mudar projeções até para a Selic, taxa básica da economia.
;O dólar está em um novo patamar agora, de R$ 4,20, e o efeito Guedes e as frustrações com as privatizações e o leilão de petróleo ajudaram a escalada do dólar durante a semana;, destacou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. O economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, projeta o dólar entre R$ 4,10 e R$ 4,20, neste fim de ano. ;Em 2020, a moeda deve continuar acima de R$ 4, mas a volatilidade está muito grande. Com o dólar mais alto, é provável que o Banco Central diminua o ritmo de corte na Selic que tinha sinalizado antes, de 0,50 ponto porcentual, ou mesmo interrompa o ciclo na próxima reunião;, destacou. ;As probabilidades de um corte de 0,25 ponto aumentaram marginalmente;, afirmou Spyer. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está prevista para 10 e 11 de dezembro.
Leilões
Os habituais leilões de swap cambial não foram suficientes para conter a subida do dólar, e o BC foi obrigado a intervir mais fortemente, realizando leilões extras e vendendo US$ 1 bilhão das reservas no mercado à vista. Essa estratégia, somada à correção dos dados da balança comercial de novembro pelo Ministério da Economia, ajudou a segurar um pouco a alta do dólar na quinta-feira.
A atuação do BC, segundo os operadores, sinalizou um ;teto sintético; de R$ 4,27 para a divisa norte-americana. Resta saber como será a reação dos mercados lá fora na próxima semana, depois de a China prometer retaliar os Estados Unidos na guerra comercial, porque o presidente norte-americano, Donald Trump, resolveu apoiar as manifestações de Hong Kong.