postado em 01/12/2019 04:15
[FOTO1]Cinema, restaurante e compras em shopping são algumas das diversões dos brasileiros. Mas como se divertir nos fins de semana sem contrair dívidas? De acordo com especialistas consultados pelo Correio, é possível, mas destacam que é preciso ter planejamento e cuidado para não gastar demais e acabar com o nome sujo na praça.
Uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que, das famílias pesquisadas, 64,7% estão endividadas. Os números revelam crescimento em comparação com o mesmo mês do ano passado. Já os que possuem dívidas ou contas em atraso são 24,9%. Em período igual de 2018, os dados eram de 23,5%.
Cartão de crédito (78,9%), cheque especial (6,5%), carnês (15,5%), financiamento de carro (9,5%) e casa (8,7%) foram os tipos de dívidas que mais foram apontados tanto pelas famílias brasileiras que recebem até 10 mínimos quanto aquelas que embolsam mais de que essa faixa de renda.
A especialista em finanças da Dsop, Cíntia Senna, afirma que, apesar do orçamento apertado, é possível, sim, se divertir. Mas aponta que é necessário escolher formas que não exijam tanto dinheiro. ;Muitas vezes, a gente olha o que gastar em vez de aproveitar, então, a gente tem que começar buscando alternativas e voltar para o tempo em que não existiam shoppings e tanta tecnologia. Cinema em casa, passeio em parques e museus, que em alguns dias são gratuitos. São locais que não exigem tantos recursos financeiros e ainda dá pra se divertir;, destaca.
Cíntia ainda ressalta que a educação financeira e o planejamento são essenciais para não fazer mais dívidas. ;A educação financeira em uma família é muito importante, mas não adianta estar apenas um ou outro, mas sim todos devem ser educados. Pois eles vão ter um plano do que querem fazer, como fazer e, fazendo isso, o indivíduo especificará os gastos e é mais fácil de se ter um controle das finanças;, argumenta após dizer que as pessoas não sabem reorganizar o dinheiro. ;É preciso se reunir em família e especificar aquilo que pode abrir mão ou não, e fazer aquela faxina financeira. É preciso também ter objetivos e propósitos, pois, quando não se tem, a tendência é cair no endividamento;, relata.
Sobre o 13; e o saque extra do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), Cíntia Senna frisa que eles devem ser destinados para dívidas extras. ;O décimo terceiro e o FGTS estão vindo por ai, e é importante, neste momento, pra uma pessoa que nunca teve esse hábito de poupar, reservar essa quantia pra outros compromissos mais essenciais e importantes. Começo do ano está bem aí, teremos IPTU e IPVA, compras escolares e tantas outras. Precisamos nos preparar pra isso;, aponta.
Muitos brasileiros quase sempre não conseguem fazer o que desejam na hora do lazer. As principais reclamações deles se dão por conta dos preços, que são altos, e as dívidas, que têm crescido ultimamente. O vigilante Edison Rodrigues, 36 anos, é um dos que se encaixam nesse perfil. Ele conta que costuma gastar pouco e que já deixou de se divertir por causa do orçamento apertado. ;Eu costumo gastar pouco por conta dos valores. Gasto com passeios, clubes, lanches, cinemas. São bastante caros esses itens, o consumo é elevado. Muito imposto e praticamente só trabalhamos pra isso pagar isso;, relatou.
;A gente, que é assalariado, tem que praticamente destinar tudo para pagar dívidas, em especial, os cartões de créditos, onde usamos bastante. E por conta disso, deixamos de sair. Mas, mesmo com os débitos e com pouco dinheiro, temos que arrumar um jeito de passear, senão o estresse acumula;, aponta Rodrigues, que tem três filhos e que se esforça pra fazer o possível para eles se divertirem. ;Mesmo não querendo se endividar, é impossível, se você não fizer isso, não vive;, afirma.
Iara Cristina Vieira da Cruz, 37 anos, acha caro o lazer no Brasil e prefere aproveitar descontos pra não sair no prejuízo. ;Acho muito caros os cinemas e os restaurantes. Eu gosto de aproveitar muito as promoções pra ver se consigo pelo menos fazer algo que não me aperte. Mas, realmente, quando não dá, eu estabeleço o que posso ou não fazer, tenho um orçamento muito controlado e então tudo que eu faço é estipulado;, diz.
Com financiamentos de carro e casa no nome, Iara menciona que já reduziu bastante as viagens e as idas aos restaurantes para não ultrapassar o teto salarial. Atualmente, ela separa duas ou três vezes no mês para se dedicar ao lazer. Antes, chegava a ir bem mais do que hoje.
* Estagiário sob supervisão de Roberto Fonseca