Economia

Consumidores estão assustados com o preço da carne em alta

Na apuração da FGV, seis das oito classes de despesa que compõe o índice registraram variação positiva

Gabriel Pinheiro*
postado em 03/12/2019 06:00
[FOTO1]O preço da carne vermelha disparou na última semana de novembro, assustando os consumidores. O item também puxou a alta do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), de 0,49%, 0,24 ponto percentual acima da taxa registrado no último levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV). Com esse resultado, o indicador acumula alta de 3,31% no ano e 3,61% nos últimos 12 meses.

Na apuração da FGV, seis das oito classes de despesa que compõe o índice registraram variação positiva. O grupo alimentação teve o maior peso, passando de 0,06% no período anterior para 0,42%. Nessa categoria, o destaque foi o comportamento das carnes bovinas, que dobraram de preço. O aumento passou de 4,37% para 8%.

;Eu fui comprar uma peça de alcatra no mercado e levei um susto;, afirmou Fabiano Nunes, militar de 37 anos. Ele percebeu quase 50% de aumento no preço das carnes que costuma comprar. ;Eu acabei nem levando. Achei até que era algum erro ou engano no valor que colocaram;, contou. O militar disse que, como alternativa, comprou frango e peixe para suprir a falta da carne vermelha no cardápio do almoço de casa. Fabiano mal lembra de quando o produto esteve barato. ;Nós acabamos nos acostumando com valores altos. Mas quando veio ainda mais caro foi um choque.;

O estudante João Vinicius Reinaldo, 20, que costuma comprar carne moída de coxão mole, também achou um absurdo o preço do produto. ;Está R$ 32 o quilo. Isso é algo que pesa muito no meu orçamento no fim do mês, mas eu sempre acabo levando. Não dá para faltar carne na mesa. A gente se vê meio preso nessas situações;, lamentou.

Além da carne, João disse que os combustíveis também pesam no bolso. ;Nós precisamos de gasolina para sobreviver na cidade, não temos como não pagar;, ressaltou. De fato, no IPC-S divulgado ontem, o combustível teve papel de destaque na alta do índice. A gasolina registrou variação de 0,99% no período, ante 0,66% na apuração anterior.

Aceleração

Também registraram acréscimos os grupos de habitação, educação, leitura e recreação, transportes e comunicação. Nessas classes de despesa, a apuração destacou o aumento das tarifas de eletricidade residencial (0,88% para 2,52%), jogos lotéricos (15,26% para 26,16%), passagens aéreas (5,42% para 12,35%) e pacotes de telefonia fixa e internet (0,09% para 0,56%).

Paulo Picchetti, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), destacou que, em dezembro, há possibilidade de haver mais uma aceleração da inflação medida pelo IPC-S, o que pode resultar num índice de 0,60%. ;Esse efeito das carnes bovinas está sendo o mais importante, assim como o das passagens aéreas. Estão pressionando o índice para uma alta mais significativa;, avaliou.

;Como são choques de oferta, os preços dos produtos não dependem de algo que possa ser feito no âmbito de política monetária;, destacou. Para Picchetti, o importante é que esses preços não contaminem os de outro setores. Apesar de a coleta de dados do IPC-S ser semanal, as taxas de variação levam em conta a média dos preços coletados nas quatro últimas semanas até a data de fechamento.

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