Economia

Compulsório pode ser mais baixo, diz BC

Em evento da Febraban, Campos Neto afirma que há espaço para baixar custo de captação de bancos

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 03/12/2019 04:16

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou ontem que o Brasil tem condições de ter níveis de depósitos compulsórios muito mais baixos do que são hoje. ;Podemos estimular o crédito privado e baixar o custo de captação dos bancos. É um projeto que está acelerado e a gente deve ter notícias em breve;, afirmou, durante evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo ele, há uma reinvenção do mundo privado, com redução de subsídios, em consequência da queda da taxa de juros.

Campos Neto voltou a frisar que o câmbio é flutuante no Brasil e que o BC só atua quando enxerga distorções no mercado e apontou fatores que podem explicar o movimento recente, de desvalorização do real ante o dólar. A decisão estratégica de algumas empresas, de adiantar pagamento de dívidas em dólar e manter uma dívida local, mesmo que mais cara, e a frustração com o leilão da cessão onerosa foram algumas das justificativas.

Outro ponto que justificaria o movimento do câmbio recente é a saída de investidores do país que estavam alocados em renda fixa. Por outro lado, o presidente do BC disse que espera ;fluxo grande de entrada; no próximo ano, sobretudo nas áreas de saneamento e logística.Para isso, contudo, destacou que é preciso acelerar a proposta de fazer um hedge (proteção) cambial em grandes contratos de infraestrutura com o setor privado. Segundo o presidente da autoridade monetária, essa proposta está na Receita Federal.

Repasse


No mesmo evento, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, afirmou que a sucessiva queda da taxa básica de juros (Selic) tem sido repassada para os tomadores de crédito. Com a Selic em 5% ao ano, os juros estão no patamar mais baixo desde 1999, quando começou o regime de metas para a inflação. A expectativa é de que a Selic recue ainda mais e encerre o ano em 4,5%.

Segundo Portugal, de outubro de 2016 a outubro deste ano, a taxa de juros média para a pessoa física recuou 24,6 pontos percentuais. ;A queda na taxa básica de juros tem sido repassada pelos bancos;, assegurou.

Na semana passada, o BC limitou os juros do cheque especial a 8% ao mês. Foi a primeira vez que a autoridade monetária impôs uma taxa máxima a uma linha de crédito com recursos livres, isto é, que não tem um direcionamento estipulado por lei, como ocorre com o crédito imobiliário ou o microcrédito.

Portugal acrescentou que, para os juros recuarem mais, o país tem de enfrentar os motivos que elevam o custo do crédito no país, como a taxa de inadimplência e a elevada carga tributária.

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