Economia

Mais de 340 mil mulheres investem em ações na bolsa de valores,diz pesquisa

Somente no DF, em torno de 14 mil acompanham o sobe e desce dos índices de ações

Gabriel Pinheiro*
postado em 08/12/2019 08:00
Somente no DF, em torno de 14 mil acompanham o sobe e desce dos índices de açõesLevantamento realizado pela Bolsa de Valores de São Paulo (B3) mostra que já são 342.896 mulheres investindo em ações e acompanhando o sobe e desce dos índices. Esse número é aproximadamente 22 vezes maior que o de 2002, quando apenas 15.030 mulheres operavam. Até outubro, as investidoras compunham 22,7% de todos os CPFs cadastrados na bolsa, a maioria delas entre 26 e 35 anos.

Só no Distrito Federal, em torno de 14 mil mulheres investem no mercado acionário, que, ao todo, tem R$ 950 milhões aplicados. Uma dessas é Caroline Daher: era advogada quando foi incentivada pelo marido a aprender mais sobre day trade, modalidade de negociação cujo objetivo é a obtenção de lucro com a oscilação de preço, ao longo do dia, dos ativos financeiros.

;A relação com dinheiro nos foi ensinada logo no início da vida. Sempre fazia tarefas domésticas em troca de estrelinhas coladas num painel, que, no fim do mês, viravam dinheiro;, relembra Caroline. Na época da faculdade, já fazia investimentos em renda fixa, porém, não tinha coragem de partir para a renda variável. ;Tinha preconceito, achando que aquele mundo era masculino. Depois, comecei a estudar e me aprofundar. Fiz uma transição de carreira: me tornei investidora e day trader.;

Hoje, ela trabalha em casa, de olhos grudados no notebook. Caroline, aliás, não quis guardar para si esse mundo que havia descoberto: criou, no ano passado, o projeto ;Mulher na Bolsa;, que incentiva mulheres a estudar para investir e operar na bolsa.

A advogada Desyree Fernandes é uma ;discípula; de Caroline. ;Quis aprender a investir por mim mesma. Com muito estudo e pesquisa, me deparei com o day trade.;
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Para Elaine Fantini, que trabalha com marketing digital, ;não existe empoderamento com dependência financeira.; Ao perceber que não havia mulheres com quem conversar sobre investimentos, criou o grupo de facebook Sovinas ; Mulheres que Investem, que já conta com mais de 3.500 operadoras. ;Tive essa ideia com uma amiga. Queríamos criar um espaço em que elas pudessem se sentir confortáveis em perguntar qualquer coisa sobre investimentos.;

Ela acha o mercado de ações excessivamente masculino. ;Muitas não se sentem à vontade para conversar com os assessores, pois falam de uma forma que elas não conseguem entender.; Segundo Elaine, vários motivos levaram as mulheres a ter baixa participação no mercado de ações, como, por exemplo, os maridos, em pleno século 21, terem que ;dar; autorização para elas trabalharem. Há ainda o fato de os salários serem menores e o pouco acesso ao estudo de temas econômicos. Para Eliane, tais fatores tornam as bolsas um ambiente ;construído por homens, para homens;. ;Se você não tem o controle do dinheiro, você fica presa a diversas situações que podem ser prejudiciais, como relacionamentos abusivos ou fracassados, em que a mulher fica dependente do marido financeiramente;, diz.

Aireslene Rocha Santos foi a primeira analista de mercado no Rio de Janeiro. Entrou no circuito em 1976 e, hoje, é gestora de um clube de investimentos. ;Fiz faculdade de economia e fui trabalhar em uma companhia de seguros, onde eu aprendi tudo;, recorda. Ela aconselha às mulheres que queiram entrar no mundo da bolsa não se intimidarem. ;As portas estão sempre abertas para elas. É muito bonito, atraente. Temos que ter mulheres em bancos, corretoras de investimentos. É gratificante;, assinala.

* Estagiário sob supervisão de Fabio Grecchi

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