Economia

Estudo aponta os desafios para o comércio entre a América Latina e China

Relatório do BID estima um aumento de 27% nas exportações se houver redução de custos relacionados a tarifas, transporte e logística. Nos Estados Unidos, cresce a expectativa da aprovação de tratado comercial no Congresso

postado em 10/12/2019 06:00
[FOTO1]As exportações da América Latina e do Caribe para a Ásia podem crescer até 27% no médio prazo se os custos associados a tarifas, transporte e logística forem reduzidos, de acordo com um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgado nesta segunda-feira (9/12). ;A redução nos custos do comércio bilateral criaria oportunidades de negócios equivalentes a cerca de 69 bilhões de dólares e contribuiria para a melhoria do bem-estar da população;, analisou o BID no estudo Como liberar o potencial comercial da América Latina e do Caribe em Ásia. Além disso, com custos mais baixos, as exportações latino-americanas para a Ásia poderiam crescer 27,6% no médio prazo, e as vendas asiáticas aumentariam 40,6%. ;Uma região que está se recuperando de uma recessão severa não pode perder esse impulso em suas receitas;, alertou o relatório.

O documento foi apresentado no Panamá durante um fórum de negócios no qual participam mais de mil pessoas de cerca de 850 empresas da China e da América Latina. ;Mais e melhores investimentos beneficiam a China, a América Latina e o Caribe. Precisamos abrir as portas para ter oportunidades que nos levem ao crescimento com inclusão;, afirmou Verónica Zavala, gerente do BID para América Central, México, República Dominicana e Haiti. ;A China já é o segundo maior parceiro comercial; da América Latina e as transações se aprofundam continuamente, disse Lu Pengqi, vice-presidente do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional.

Acordo nos EUA

Paralelamente às perspectivas entre China e América Latina, as economias da América do Norte se movimentam para incrementar as transações comerciais. Estados Unidos, México e Canadá concordaram em adotar mudanças sobre a implementação do novo tratado comercial norte-americano (USMCA, na sigla em inglês), o que pode permitir a aprovação total do acordo firmado no ano passado para substituir o Nafta.

;Pode-se alcançar um acordo definitivo nas próximas 24 horas, abrindo caminho para a ratificação por parte dos três países;, disse a emissora Fox Business, citando várias fontes que não foram identificadas. Negociado a pedido do presidente americano, Donald Trump, o USMCA foi selado em novembro de 2018 pelos três países. Até agora foi confirmado apenas pelo Senado mexicano em junho passado. O governo do Canadá disse que ratificará o texto logo depois dos Estados Unidos.

Em Washington, a Casa Branca e a oposição democrata, que controla a Câmara de Representantes, estão ;perto de um acordo de princípio;, relatou a emissora de televisão CNBC, acrescentando que a votação no Congresso americano para dar sinal verde ao USMCA pode ser em 18 de dezembro. ;Continuamos considerando a proposta. Não há acordo para anunciar até o momento;, disse um assessor democrata à AFP.

Os democratas bloquearam a ratificação em meio a questionamentos dos sindicatos, que exigiram maiores garantias do cumprimento das novas leis trabalhistas mexicanas para evitar a concorrência desleal com os trabalhadores americanos. Conforme a Fox Business, os mexicanos concordaram que a implementação do acordo seja supervisionada por ;uma parte neutra;.

Nesta segunda-feira (9/12), o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, pediu à presidente da Câmara de Representantes dos EUA, a líder democrata Nancy Pelosi, que submeta o USMCA à votação. ;Já é hora de tomar a decisão, porque, caso contrário, a decisão vai chegar perto dos processos eleitorais;, disse Obrador em sua habitual entrevista coletiva matinal, em alusão à eleição presidencial de 2020 nos EUA.

Se for aprovado pela Câmara de Representantes, o trâmite deve seguir com agilidade no Senado, onde o Partido Republicano tem maioria.

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