Economia

Para Petrobras, controle de preços de combustíveis não se justifica

Presidente da Estatal, Castello Branco, defende a atual política de preços no Brasil

Agência Brasil
postado em 11/12/2019 17:28
[FOTO1]O preço dos combustíveis tem que ser tratado como o de qualquer outro produto e não se deve definir periodicidade para os reajustes. A conclusão é do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco que descartou ainda um controle de preços. Para o executivo, a atual política de preços é positiva para a companhia e para o Brasil.

;Tem periodicidade para o preço da carne. O preço da carne deu um salto com o choque de oferta. E aí? Vamos fazer periodicidade e controlar o preço da carne? Não vai porque o controle de preços pertence ao museu de armas falidas contra a inflação há muito tempo;, disse, durante um café da manhã com jornalistas, na sede da empresa, no centro do Rio.

;Não se justifica nenhum controle de preços de combustíveis, periodicidade. Deixa o mercado livre;.

O presidente disse que não tem ;a menor preocupação; com uma possível deflagração de greve dos caminhoneiros, em consequência dos preços do diesel como ocorreu no governo Temer. De acordo com Castello Branco, o problema da categoria é um excesso de oferta dos serviços causada da expansão irresponsável de crédito do BNDES especificamente entre 2008 e 2015.

;No governo Temer uma das respostas [à greve dos caminhoneiros] foi tabelar o preço do frete. O mercado reagiu e as empresas do agronegócio se integraram e adquiriram frotas de caminhões, piorando o problema criado pelos governos anteriores. Existe excesso de oferta, o que vai consumir esse excesso de oferta vai ser o crescimento da economia, gerando maior demanda por carga. O mercado vai se ajustar porque não há mais crédito subsidiado para comprar caminhão;, afirmou.

Segundo o presidente da Petrobras, não adianta seguir o sistema de preços venezuelanos como tentativa de baratear o custo do diesel.;O problema deles [caminhoneiros] é excesso de oferta, se cobramos diesel a preço venezuelano não vai resolver problema nenhum, só vai criar problemas. Eu espero que esse problema tenha sido resolvido, a questão deixada no passado e os preços sejam livres;.

Castello Branco lembrou que os preços do petróleo são livres desde 2002, quando se completou o período de cinco anos estabelecido pela lei do petróleo aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 1997. ;Então é lei e vamos obedecer a lei;, assegurou.

Bolívia

Quanto ao gás da Bolívia, adiantou que em breve o novo ministro boliviano de Hidrocarbonetos virá ao Brasil para reuniões de negociação dos contratos entre os dois países que se encerram no fim do ano. ;Não há risco de abastecimento;, garantiu. O presidente explicou que pelo contrato atual a companhia ainda tem excedentes do produto a receber.

;O objetivo da Petrobras é assegurar o gás boliviano ao menor preço possível e ao mesmo tempo abrir espaço para o setor privado. Temos compromisso com nós mesmos e com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica de abrir o mercado de gás;, afirmou.

Ativos

Ainda na Bolívia, a Petrobras vai se desfazer de ativos que não interessam mais à companhia. Castello Branco acrescentou que o contrato de fornecimento de gás é importante, mas a manutenção dos ativos naquele país, não. ;É uma operação de prestação de serviços. A Petrobras não é uma prestadora de serviços. Somos uma produtora de óleo e gás. Não faz muito sentido ter uma operação de prestação de serviços. Nós tínhamos uma operação desse no México e saímos;, informou, acrescentando que a companhia tem na Bolívia campos de gás e a produção e recebe pelo serviço de produção.

Leilão

Castello Branco discorda da avaliação de que a Petrobras não teve um bom resultado no leilão de cessão onerosa e que estivesse preocupada com um fracasso no certame."Discordo completamente. O que está errado é o regime de partilha. Você manifesta um interesse no ativo e seis meses depois você muda a dinâmica. As coisas mudaram. O que está errado era obrigar a empresa a manifestar o interesse. A Petrobras não precisa e não quer que os outros atrapalhem. Nos deixem trabalhar. Essas ajudas só são prejudiciais;, explicou.

O presidente também criticou a adoção da exigência de conteúdo local, na construção de plataformas e produção de equipamentos. ;Esse é um retrocesso enorme. Nós temos uma experiência péssima com conteúdo local;, disse fazendo um paralelo com as indústrias naval e automobilística, que segundo ele, sempre procuram auxílio do governo.

;A indústria naval e a automobilística estão sempre pedindo algum favor do governo, conteúdo local, subsídio, incentivo fiscal. A indústria automobilística está aí há 60 anos fazendo isso. Sempre se diz que é uma indústria que gera muito emprego;, completou.

Para Castello Branco a indústria naval poderia buscar alternativas de melhor retorno financeiro. ;Nós precisamos manter a demanda por reparo naval. O Rio poderia ser um grande centro de reparos navais, não é por incapacidade. No lugar de ficar pedindo isso e aquilo e fazendo lobby para obrigar as empresas a obrigarem a comprarem no mercado local e a preços altos, não inovam e não investem em ganhos de produtividade.

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