Economia

Especialistas recomendam cautela com os gastos de Natal

Especialista em finanças pessoais dá dicas de como curtir as festas de final de ano sem cair em tentação, estourar o orçamento e, lá na frente, ter de se entender com credores para conseguir pagar o que deve e limpar o nome

André Phelipe*
postado em 16/12/2019 06:00
[FOTO1]Família reunida, banquete, troca de presentes ; é o Natal. Apesar da alegria, tem o dia seguinte, no qual chegam boletos e fatura de cartão de crédito cobrando a conta da festa. É quando tudo pode ficar indigesto, quando o exagero nas compras estoura o orçamento e o dinheiro em caixa não é o bastante para saldar a dívida. Resultado: nome no Serasa, no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), renegociação com a administradora de cartão. Mas dá para escapar sem cair na armadilha do gasto sem provisão.

O Correio consultou um especialista para dar dicas de como o consumidor deve fazer para continuar com as finanças em dia, apesar dos gastos habituais desta época do ano. Para o professor de finanças da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Bolívar Godinho, o que se deve fazer é um balanço do que é preciso.

;A primeira coisa é que a pessoa tem que identificar é aquilo efetivamente necessário. Não se deve fazer compras por impulso e ainda deve-se realizar um balanço na família de quem precisa de presentes. E estipular um valor para isso;, recomenda.

O professor ressalta que as recentes liberações do FGTS para quem nasceu em setembro e outubro, além do 13; salário, devem ser priorizados para despesas do início do ano seguinte, como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o material escolar.

E quais os perigos que as dívidas trazem? Segundo Bolívar, a pior é a privação do poder de compra. ;O endividamento excessivo vem de diversos problemas. Um deles é o gasto com juros, elevados em sua maioria. Outro problema: hoje, a pessoa está empregada e se endividando, mas e se um dia perder o emprego, como vai pagar as despesas, sobretudo as fixas?;

Média de gastos


A pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, neste final de ano, o gasto médio domiciliar com produtos alimentícios no Natal vai girar em torno de R$ 225, indica também uma recuperação da economia. Tal quantia, se comparada com 2015, quando começou a recessão que ainda abala o país, revela que o consumidor está cauteloso e pouco disposto a sair muito do orçamento. Naquele ano, o gasto médio ficou em quase R$ 220.

De acordo com o levantamento da CNC, entre as unidades da federação, São Paulo (R$ 287,31), Paraná (R$ 266,13), Rio Grande do Sul (R$ 264,75) e Rio de Janeiro (R$ 257,50) são as que indicam maiores gastos médios das famílias neste Natal. O Distrito Federal vem em sexto lugar, com R$ 205,30.

O economista sênior da CNC, Fábio Bentes, explica ;que esse é o melhor resultado de gastos com produtos da ceia desde o início da recessão;. ;Fatores importantes que estão ajudando o comportamento dos preços são inflação e taxas de juros baixas. O aumento (no valor do gasto médio) é bom, porque aumenta o consumo e gira a economia;.

Bentes aponta, ainda, as liberações do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o 13; salário como fator de crescimento do consumo. ;Amplia o orçamento das famílias;.

Lissa Broas, de 59 anos, coordenadora pedagógica de uma escola de inglês em Brasília, afirmou que gastará mais do que a média nacional. ;Vou gastar muito mais, minha família é grande demais.Tudo que compro para ceia é em dobro. A batata, castanha e o chester, por exemplo, são em dobro para dar para todos;, explica, acrescentando que não tem medo de se endividar, pois se considera precavida.

A pensionista Marilde Souza Cidade, de 71 anos, segue a linha de Lissa. ;Não vou gastar mais do que essa média, porque está tudo muito caro. Vou comprar realmente o necessário;, garante, reclamando dos preços do chester e do bacalhau. ;Isso prejudica a minha pensão e acabo tendo que restringir muita coisa para conseguir pagar as contas de água, luz e telefone;.

* Estagiário sob supervisão de Fabio Grecchi

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