Economia

Bolsa interrompe fase de altas

Para especialista, trata-se de realização de lucro depois de vários recordes, mas otimismo do mercado permanece, principalmente devido ao início do acordo comercial entre a China e os EUA

Correio Braziliense
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postado em 17/12/2019 04:16
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O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), interrompeu a sequência de altas ontem. O índice, que chegou a alcançar 113.196 pontos ao longo do dia, terminou a sessão com recuo de 0,59%, a 111.896 pontos. Queda acelerada depois que presidente Jair Bolsonaro afirmou que todas as alternativas estão sobre a mesa, quando questionado sobre a possibilidade da volta do Imposto sobre Movimentação Financeira, a CPMF.

Segundo o economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva, trata-se de uma movimentação normal de realização de lucros depois que a Bolsa de Valores atingiu patamares altos. ;É uma onda que chamamos de correção, que não é, necessariamente, pessimista de uma hora para outra. Próximo da realização de lucros, qualquer notícia pode acelerar a queda, ainda mais com o fim de ano, mas, no geral, temos um otimismo, dado principalmente pelo cenário externo, com uma compressão do dólar, mesmo que gradual, e uma atividade econômica melhor. A bolsa, no próximo semestre, ainda continuará atrativa;, avalia.

O otimismo dos investidores se dá principalmente pelas tratativas em torno do acordo comercial entre a China e os Estados Unidos. Mais de um ano depois do início da guerra tarifária entre as duas potências, os dois países assinaram, na última sexta-feira, a primeira fase do acordo. Em meio aos temores de desaceleração global, dados das vendas do varejo e da produção industrial do país asiático vieram acima do esperado, o que também animou os investidores.

Seguro

No cenário doméstico, o CDS (Credit Default Swap), que funciona como um seguro do risco contra o calote da dívida soberana dos países, caiu abaixo dos 100 pontos, menor nível desde 2012. A medida de risco-país é bastante acompanhada pelos analistas de mercado e demonstra maior grau de confiança dos investidores. A atenção está voltada para a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e também para os índices da inflação.

Para Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, o país vive uma maré de boas notícias, que estão por trás da tendência de alta da bolsa e da queda do dólar. ;Mostra que estamos prontos para a virada que a economia precisa e um 2020 melhor. Mesmo com uma cena externa ainda um tanto indefinida e a questão política nacional com muitas amarras, começamos a ver nos números uma recuperação. Os setores mais responsáveis por isso são o varejo e a construção civil, que respondem mais rápido, e a bolsa crescendo, mesmo em dezembro, que tem, normalmente, uma questão fiscal limitadora de crescimento. Mas, neste momento, o otimismo prevalece;, afirmou.

O dólar comercial recuou 1,10%, cotado a R$4,062. A queda se deu também pela resolução da primeira fase do acordo comercial. Mas para o economista e analista político Carlo Barbieri não se deve esperar que ocorra uma baixa significativa frente à moeda americana nos próximos meses. ;Com a queda da taxa de juros no Brasil, há um forte movimento de empresas brasileiras, ou sediadas no Brasil, de trocarem seu endividamento externo pelo interno, aproveitando os juros muito baixos no Brasil, o que não acontecia havia décadas;, ressaltou.

;Com as taxas de juros atuais, não se torna atraente investir no Brasil em renda predeterminada de 6% ao ano nas instituições financeiras, quando nos EUA há instituições de grande porte onde se consegue 9% ao ano. É uma diferença bem considerável aos olhos dos investidores;, disse Barbieri, com relação a investir no Brasil em tempos de juros baixos.

* Estagiária sob supervisão de Cláudia Dianni

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