Economia

Sindicatos perdem 1,5 milhão

Correio Braziliense
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postado em 19/12/2019 04:14
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Em 2018, a sindicalização de trabalhadores e empresários encolheu em todas as categorias e atividades para o menor patamar em sete anos, segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 2017 para 2018, o Brasil perdeu 1,5 milhão de trabalhadores sindicalizados, a queda mais intensa desde o início da série histórica.

Entre os motivos estão a precarização do trabalho, ou seja, profissionais que fazem bicos, e as dispensas pela mecanização, afirma a pesquisadora do IBGE Adriana Beringuy. Entre os empregadores, a taxa também caiu (15,6% para 12,3%). No total, dos 92,3 milhões de pessoas ocupadas em 2018 no país, apenas 11,5 milhões eram associadas a sindicatos, o que significa que a taxa de sindicalização ficou em 12,5%, a menor desde 2012, quando era de 16,1%.

Os 12% da população ocupada no setor privado sem carteira assinada foram os que apresentaram a menor taxa de sindicalização: 4,5%. O setor público, que em 2017 tinha 27,3% dos servidores associados a essas entidades, apresentou redução para 25,7% em 2018. No grupamento por atividades, nove das dez categorias apresentaram a menor taxa de sindicalização desde 2012. O setor de transporte, armazenagem e correio teve a maior perda (17,5% para 13,5%). O índice caiu de 6,8% para 5,7% no setor de alojamento e alimentação.

;São as duas atividades que mais geraram ocupação: a de transporte, por causa dos aplicativos, e a de alimentação, pelo fenômeno dos ambulantes de comida, como o pessoal que vende quentinha. Ambas cresceram com trabalhadores mais precarizados, normalmente sem carteira de trabalho ou por conta própria, que são os que, de fato, não têm mobilização sindical;, explicou Adriana. ;A queda de sindicalização, principalmente no caso dos transportes, pode estar associada a um processo de precarização dos trabalhadores;, completou.

Outro grupo em que o número de associados diminuiu foi o de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (de 21,1% para 19,1%). ;A agricultura está empregando cada vez menos, devido à mecanização e porque as pessoas estão saindo da zona rural;, disse a pesquisadora. Já a indústria, que tradicionalmente concentra mais trabalhadores sindicalizados, teve o índice reduzido de 17,1% para 15,2% em um ano. ;Não se sabe até que ponto a precarização está atingindo a indústria, que sempre gerou trabalhos com carteira assinada. A diminuição da sindicalização pode ser pela perda de ocupação em si;, afirma.

Em todos os níveis de instrução, houve queda, mas, quanto maior o nível de instrução, maior a taxa de sindicalização. O menor percentual estava entre os trabalhadores de ensino fundamental completo e médio incompleto (8,1%). Mesmo registrando a maior queda em 2018, os ocupados com nível superior completo tinham o maior percentual de sindicalização (20,3%).

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