Jornal Correio Braziliense

Economia

Projeções do BC confirmam dólar acima de R$ 4 até 2021

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, admite um novo patamar do câmbio devido a fatores externos e internos

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reconheceu que o dólar atingiu "um novo patamar". O cenário apontado pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (19/12) confirmou as projeções do mercado de que o dólar deverá ficar acima de R$ 4 até 2021.

Pelas estimativas apontadas no Relatório, a divisa norte-americana encerrará 2019 a R$ 4,15, passando para R$ 4,10, em 2020; e para R$ 4, em 2021. Campos Neto destacou que existem várias explicações para esse novo patamar do dólar mais valorizado, apesar de uma melhora nos indicadores de risco do país, sendo globais e domésticos. Uma delas é o crescimento dos Estados Unidos ter continuado firme, mesmo com a expectativa de o efeito fiscal esperado. Isso, inclusive, valorizou o dólar frente às moedas de países emergentes. Outro motivo é o fato de os juros brasileiros estarem em um patamar mais baixo está fazendo com que as empresas estarem fazendo pré-pagamento de dívidas no exterior. ;Esse juro também não estão mais atraente (para os investidores estrangeiros);, completou o ministro.

Conforme dados do BC o deficit de transações correntes deverá continuar aumentando, passando de US$ 41,5 bilhões, em 2018, para R$ 51,1 bilhões, neste ano. Em 2020, o saldo negativo será de R$ 57,7 bilhões. Essa piora está relacionada com a saída de investidores estrangeiros do país e também com a piora na balança comercial que devem fazer com que o setor externo não ajude no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Campos Neto participou da entrevista de divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que melhorou as projeções de crescimento da atividade econômica do Brasil de 0,9% para 1,2%, neste ano, e de 1,8% para 2,2%, em 2020.

O BC, contudo, manteve a previsão de crescimento do crédito no ano que vem em 8,1%, mas destacou uma forte mudança no perfil dos empréstimos. ;O crédito está crescendo agora mais livre e menos direcionado e isso relacionada como resultado da política monetária;, destacou o diretor de Política Econômica, Fabio Kanczuk.

O ministro evitou comentar sobre as chances de cortes ou de aumento na taxa básica de juros (Selic). Ele reforçou que o cenário exige ;cautela; na condução da política monetária e destacou que o cenário de 2020 ;não contempla riscos políticos;, apesar de o ano que vem ser um ano eleitoral.

Campos Neto disse que previsões para a Selic no RTI são do mercado. Elas apontam mais um corte na Selic, para 4,25%, no início de 2020, passando para 4,5%, no fim do ano. E, em 2021, a expectativa é que os juros básicos voltem a subir mais, encerrando o ano em 6,25%.