Economia

Presidente da Caixa aposta no microcrédito e em juros mais baixos

Pedro Guimarães diz que instituição vai dirigir o foco para empresas menores e anuncia lançamento de linha de financiamento imobiliário com juros fixos e prazo de até 30 anos. E promete reduzir taxas no cartão de crédito e no cheque especial

Rodolfo Costa , Vera Batista, Denise Rothenburg
postado em 24/12/2019 06:00

Pedro Guimarães: A Caixa Econômica Federal encerra 2019 cumprindo a prometida redução de juros do cheque especial, do rotativo do cartão de crédito e do crédito imobiliário. A meta é ser cada vez mais identificada como um banco social. Não à toa, essa é uma das principais posturas de ajuste na governança do presidente da estatal, Pedro Guimarães. Em entrevista ao programa CB Poder, uma parceria entre o Correio e a TV Brasília, ele promete, em 2020, acelerar a liberação de microcrédito.

O governo aposta no fomento ao empreendedorismo. E a engenharia financeira que pode viabilizar o sonho da primeira empresa pode vir do microcrédito, espera Guimarães. ;Quando a gente assumiu, estava ainda mais focada em empréstimo para grandes empresas. Isso mudou;, diz. A meta é oferecer crédito acessível em diferentes modalidades. O presidente do banco estatal entende que o potencial que consumidores e microempresários têm para gerar novas operações é o mais importante, e diz que boas notícias não faltarão ao longo do ano.

Para o consumidor que deseja realizar o sonho da casa própria, vem aí o crédito pré-fixado. Quem optar por limpar o nome poderá recorrer ao Você no Azul, que será mantido. A Caixa projeta, ainda, juros mais baixos em todas as modalidades de crédito. Além de acompanhar a queda da taxa básica de juros (Selic), a previsão é reduzir a inadimplência de clientes. ;Se a gente perceber que, realmente, estamos ganhando até mais do que imaginávamos, nada nos prende. Cheque especial a 4,95% eu, pessoalmente, não estou satisfeito;, destaca Guimarães, ou seja, a taxa pode cair mais. Confira esses e outros temas na entrevista:

Qual o balanço que o senhor faz do ano que está terminando? E para o ano que vem, o que a população pode esperar da Caixa?

Quando assumimos, o primeiro ponto era entender o funcionamento da Caixa, banco que é muito diferente, porque tem um forte componente social. O que a gente fez, os primeiros movimentos? Primeiro, realizamos uma troca gerencial, tendo como foco a meritocracia. Essa troca foi muito rápida. E quisemos ter um conhecimento do Brasil como um todo, porque a Caixa é o banco de todos os brasileiros e das políticas sociais. Fizemos um movimento de viajar pelo Brasil inteiro, realizando as viagens por 41 fins de semana. Fomos a todos os estados, em alguns deles, até três vezes. Visitamos 15 mil funcionários, mais de 300 agências, 55 projetos do Minha Casa Minha Vida, tendo inaugurado seis. Isso foi muito importante, porque ficou claríssimo que a Caixa tem papel diferenciado no Brasil, em especial, nas regiões mais carentes e no interior do país.

O ministro Paulo Guedes chegou a falar em privatização da Caixa. Ela está fora disso?

Está, é uma determinação do presidente Jair Bolsonaro. Ainda no governo de transição, quando começamos essa discussão, eram três pessoas da equipe do ministro: eu, Roberto Castello Branco (presidente da Petrobras) e Rubem Novaes (presidente do Banco do Brasil). Para cada um deles, o ministro Paulo Guedes acabou destinando a liderança de uma das três grandes estatais e há uma determinação de não discutir privatização. Por outro lado, há uma discussão de abertura de capital das subsidiárias, como as de seguridade, de cartões, que são muito importantes, mas não estão no core business, ou seja, no coração das atividades da Caixa, que é muito ligada à parte imobiliária e de políticas sociais.

Duas das preocupações do brasileiro, hoje, são o cartão de crédito e o cheque especial. A Caixa baixou os juros? É possível reduzir mais?

São duas reduções que nós fizemos. A taxa do cheque especial, que chegou a estar em 14% ao mês, quando assumimos, baixamos para 4,95% em cortes sucessivos, acompanhando as reduções da Selic pelo Copom, ou seja, o Banco Central. Primeiro ponto: cheque especial. Se o Banco Central reduzir de novo, nós diminuímos os juros do cheque especial. Por quê? Porque o custo de funding, financiamento de um banco, está ligado à taxa básica de juros, a Selic. Logo, em reduzindo nosso custo de funding, nós repassaremos para a sociedade. Quem mais utiliza o cheque especial são as pessoas mais carentes. Em relação ao rotativo do cartão, também reduzimos os juros de 12% ao mês, do começo do ano, para 9% ao mês. Os dois ; cheque e cartão ; têm juros muito altos e, nos dois casos, é matematicamente difícil defender quando a inflação está ao redor de 3% ao ano e os juros básicos são de 4,5% ao ano. Então, defender taxas acima de 10% ao mês é muito difícil. No caso da Caixa, reduzimos cheque especial, rotativo do cartão de crédito e CDC (crédito direto ao consumidor), que é a linha mais barata, que chega a 2,25% ao mês quando a pessoa tem a conta-salário na Caixa. Tem uma quarta linha, também muito comum, o crédito consignado, que possui uma garantia maior, ou seja, o risco de não pagamento ao banco é muito menor, e aí tem juros de até 1% ao mês.

As pessoas não entendem por que são anunciadas reduções dos juros, mas, para ela, as taxas continuam elevadas. Por que é tão difícil reduzir os juros do cheque especial e do cartão de crédito?

Existe uma taxa de inadimplência muito elevada. Por exemplo, como você calcula o resultado para o banco do cheque especial? São três variáveis: quanto você cobra, a inadimplência e o tamanho da sua carteira. Qual é a aposta matemática da Caixa quando reduzimos de 13 para 4,95% ao mês? A nossa aposta é de que a taxa de inadimplência, ou seja, o número de pessoas que acabam não pagando de volta esse empréstimo, vai cair muito. É uma aposta natural, matemática, e que já tem dado resultado. Um segundo ponto é que vamos atrair novos clientes, o que também já está acontecendo. Então, com novos clientes e com uma inadimplência menor, essa redução acaba tendo nos próximos anos um resultado ainda maior. E qual é, de novo, o nosso foco? Cobrar menos, em especial de quem não consegue pagar, para ter uma inadimplência menor e uma carteira maior.

A economia começou a se aquecer e, com ela, o mercado imobiliário. Como a Caixa pretende atuar no financiamento da casa própria?

O crédito imobiliário é o coração da Caixa. Nós temos uma carteira superior a R$ 450 bilhões. Ela é muito maior do que a de todos os outros bancos juntos. Então, a Caixa tem o DNA dessa questão do crédito imobiliário. Nós, neste ano, criamos uma segunda linha de crédito imobiliário, corrigida pela inflação, pelo IPCA. Hoje, segundo dados do Banco Central, 16 bancos passaram a ofertar também esta linha. É uma demonstração de que a Caixa se antecipa ao mercado.

E qual a diferença de um financiamento para o outro?

A TR, Taxa Referencial de Juros, está em 0% há dois anos. E por que ela está em 0%? É um cálculo definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), formado pelo ministro Paulo Guedes, pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos, e pelo secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues. Eles se reúnem e definem a TR, que tem uma correlação com a Selic. Como a Selic está baixa, a TR está zero, mas ela não é zero. Essa primeira linha cobra TR mais um valor fixo. Aqui, a Caixa também reduziu muito. Estava em 9% no começo do ano, caiu para 6,5% ao ano. É a menor taxa do mercado. Em relação à segunda linha de crédito, o IPCA, é o mesmo raciocínio. Ela tem o IPCA, índice de inflação mensal, mais uma taxa. Aqui, a diferença é o seguinte: o IPCA, a inflação, tem mais volatilidade, ou seja, é mais incerto. Qual é a contrapartida? A taxa fixa é menor. Nós começamos com 2,95% ao ano. A inflação está ao redor de 3% ao ano, então, é uma taxa menor do que a menor taxa por TR. Logo, enquanto a inflação estiver baixa...

Vale mais a pena esse financiamento?

Sim, mas tem um risco maior.

Se a inflação volta, aí a pessoa vai pagar mais?

Perfeito. Então, o cliente escolhe e, nos primeiros cinco anos, que é quando paga mais os juros, e aí tem tabela SAC ou Price mais detalhadas, sugiro que se converse nas agências. Mas o que acontece? Os primeiros cinco anos são os mais importantes. Se você tiver uma inflação maior daqui a 10 anos, como já pagou o principal da sua dívida de uma maneira mais acelerada, esse é o produto que utilizamos, em especial, para o IPCA, você tem muito menos riscos. Em março, vamos fazer uma nova revolução no mercado de crédito imobiliário no Brasil. Vai ser um grande benefício a todos, que é ofertar financiamento sem nenhum tipo de reajuste, nem pela TR, Taxa Referencial de juros, nem pela inflação. Então, seremos o primeiro banco a oferecer uma taxa de crédito imobiliário de 25, 30, 35 anos com prestações fixas, o cliente vai saber quanto vai pagar por mês por todo esse período.


Que é o tal do crédito pré-fixado, não é isso?

Exatamente.

E como é possível fazer isso? O banco não tem nenhum lucro. Se tiver inflação, como fica? O banco assume o risco?

Isso, mas por quê? Banco da matemática, a Caixa faz as contas e não lança nada que não tenha resultado. O que acontece? Nós lançaremos uma taxa que, hoje, gera resultado positivo. E faremos o hedge, que é a proteção dessa operação. Por que conseguimos fazer esse hedge? Existem, no mercado, títulos do governo que são corrigidos pela inflação. O que a gente vai fazer? A gente tem investimento nesses títulos, de modo que, se houver aumento da inflação, nós ganhamos também. Então, a gente tem um equilíbrio. Lançamos um produto, e tem que ter uma taxa que cubra o custo desse hedge. Se aumentar a inflação daqui a três anos, a gente ganha com esse investimento.


E o mutuário não paga mais nada?

Perfeito. Esse é o melhor produto para o mutuário, por quê? Porque o mutuário está muito defendido, e, como estamos com taxa de inflação de 3%, é muito mais provável, dado o histórico dos últimos 30 anos do Brasil, que, daqui a 10, 15 anos, você tenha um repique da inflação. O que acontece? Os mutuários estão protegidos e a gente consegue, o que é muito importante, criar um mercado de securitização de crédito imobiliário. O que é esse mercado? Poder vender parte dessa carteira. Por quê? Com a taxa de juros a 4,5% ao ano, quando você coloca, compra um fundo de investimento, coloca seu dinheiro em depósito, como um CDB, depósito à prazo. Hoje, a rentabilidade está muito baixa. Temos depósitos que têm que pagar imposto. Logo, a taxa líquida, hoje, para o investidor é de 2,5% a 3% ao ano. O que significa? As pessoas estão indo buscar investimentos na bolsa de valores, investimentos em ativo real, na parte de crédito imobiliário, de ativos imobiliários. Então, nossa aposta é a seguinte: venderemos parte desta carteira ao mercado, que é como fazem na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia.

O consumidor vai poder trocar o financiamento imobiliário, vinculado ao IPCA ou à TR, por esse novo produto?

Estamos estudando ainda. O que você já pode fazer é o seguinte: mudar o crédito corrigido pela TR. Muita gente fala ;oh, Pedro, tenho TR mais 11%, TR mais 9%, TR mais 8,5% e, agora vocês lançaram TR mais 6,5%;. E se o Banco Central reduzir mais a Selic, vamos abaixar de novo. Então, TR mais 6,5% é com a taxa de juros atual. Se baixar, nós baixaremos. O banco da matemática. Mas respondendo a sua pergunta, há essa possibilidade de troca com o mesmo indexador. Crédito imobiliário, TR mais alguma coisa, como essa é a menor taxa que existe, qualquer operação que tenha feito há um, dois, cinco anos, terá uma taxa maior. Nós, sim, renegociamos, esse é um processo recente dentro da Caixa, já realizamos várias negociações, inclusive, de outros bancos. Então, se você tem uma taxa maior em outro banco, pode vir para a Caixa que nós faremos essa troca. Mas, em termos de novas mudanças, isso a gente tem que estudar bem.

E para quem deseja começar 2020 com vida nova, com empreendimento, abertura de uma loja. Como é que busca financiamento na Caixa para essas coisas?

A Caixa, quando a gente assumiu, estava ainda mais focada em empréstimo para grandes empresas. Isso mudou. Nós não somos mais o banco focado em empréstimos como o para a Petrobras. Castello Branco (presidente da estatal) faz um trabalho excepcional, mas nos pagou, e é público, R$ 8 bilhões, e todo o crédito que nós tínhamos como a Petrobras foi pago até junho. Qual nosso objetivo? Imagina, com esses R$ 8 bilhões, para quantas lojinhas nós podemos emprestar? Então, nós queremos emprestar, sim, e, pelo Brasil inteiro, ou seja, não temos mais o foco apenas em dois ou três estados. Nós queremos disseminar o microcrédito pelo Brasil, mas não precisa ser só o microcrédito, mas também para pequenas empresas que já tenham um balanço solido, por exemplo. É um processo que estamos melhorando e tem que melhorar ainda mais. E estamos melhorando, porque a rapidez de análise de crédito é muito maior para uma empresa grande, mas o DNA da Caixa está muito mais para as empresas menores, que não têm acesso a crédito em mercado externo, e mesmo em outros bancos.

Quais áreas de empreendedorismo que tem mais financiamento?

A Caixa Econômica Federal é o banco de todos os brasileiros. Nós realizamos a análise matemática, e qualquer empreendimento que seja levantado nós analisaremos sem nenhum tipo de prejulgamento. O banco da matemática é o banco de todos os brasileiros. Qualquer empreendimento legal que faça sentido para a sociedade nós analisaremos.

Ou seja, uma fábrica de roupas, um carrinho de pipoca, enfim, o que a pessoa achar que tem talento e quiser investir ela pode procurar a Caixa?

Com certeza.

E quanto a pessoa pode conseguir? Tem um valor mínimo ou máximo?

Uma boa pergunta, porque depende muito da região. No interior do Nordeste, no interior do Norte, os tickets são muito menores. A Caixa não emprestava muito para o setor agrícola. Vamos mudar. Não é uma operação de crédito agrícola no varejo, como nós fazemos no crédito imobiliário. O Brasil, hoje, tem um papel preponderante no agronegócio. Onde a Caixa vai poder ajudar? Em empréstimos de longo prazo, de 15, de 20 anos, normalmente com garantia real. Um exemplo: silos. O que são silos? Estruturas onde você vai poder guardar sua safra. Os produtos agrícolas têm uma variação de preços muito grande. Na safra, o preço cai, na entressafra o preço aumenta. Então, é muito importante guardar soja, milho, para que possa vender na época em que o preço esteja mais alto. Além disso, o ministro Tarcísio (da Infraestrutura) tem feito vários investimentos em ferrovias e rodovias, e, quando esses investimentos terminarem, você terá uma capacidade de escoamento muito maior. Porém, hoje, ainda não é a realidade. Logo, quanto mais silos você tiver pelo Brasil, maior a capacidade. Então, a Caixa tem, como foco, investimentos em silos e, também, em regiões carentes. Fomos, por exemplo, ao Vale do São Francisco, Petrolina, começamos a emprestar lá, porque tem um polo de exportação de manga e uva muito grande. Temos, também, no Piauí. Queremos estar onde os outros bancos não estão, e com produtos que, normalmente, não são ofertados.

Às vezes, a pessoa pega o empréstimo e, depois, não consegue pagar. A Caixa fez a campanha Você no Azul,justamente para as pessoas quitarem as dívidas com algum desconto. Isso vai continuar?

Três milhões de brasileiros tinham dívida há mais de um ano com a Caixa. Muitas vezes, crédito consignado, cartão de crédito, cheque especial. O que nós fizemos? Ofertamos um desconto de até 90%. Desses três milhões, mais de 500 mil já fizeram sua renegociação. Nós vamos estender, foi um sucesso. Muita gente utilizou o resgate do FGTS para pagar dívidas, e isso tem sido muito bom, fico muito feliz quando pessoas que estão à margem da sociedade financeira saem dessa situação. Isso é importante. As pessoas continuam com necessidades financeiras, só que vão pegar o dinheiro fora do mercado financeiro, a taxas, acreditem, de até 22% ao mês. Então, para ser objetivo, continuaremos. É um programa que nos dá muito orgulho. Fizemos isso também com crédito imobiliário. Cerca de 600 mil famílias estavam com crédito imobiliário atrasado, e 150 mil famílias afastaram o risco de perder a casa própria.

Então não termina agora o programa?

A gente vai continuar.

Por que deu certo?

Deu certo porque a Caixa é o banco de todos os brasileiros, em especial, dos mais humildes. Queremos ajudar os brasileiros, é uma coisa em que todos ganham. Por quê? Como a Caixa já tinha feito provisionamento integral, toda essa renegociação volta como lucro para a Caixa. Já fizemos a provisão integral, ou seja, estávamos preparados para perda total. Quando temos essa negociação, além de ter uma volta para a sociedade, tem resultado positivo para a Caixa.

A Caixa costumava patrocinar o esporte, como seu Flamengo, que, agora, é vice-campeão do mundo. Por que não patrocina mais o futebol? O que houve?

O Flamengo não precisa da Caixa. Eu nadei 20 anos no Clube, a piscina tem o nome do meu pai, tenho orgulho enorme de ter sido atleta profissional, mas o Flamengo não precisa da Caixa. Nós cortamos, já na primeira semana da nova gestão, o patrocínio para os 22 clubes de futebol ; e não tenho nenhuma dúvida de que foi uma decisão acertada. Não voltaremos. Quem precisa da Caixa? Vou dar um exemplo: no Acre, estávamos visitando a Caixa Mais Brasil e havia 10 cadeirantes jogando basquete. Era muito interessante, mas as cadeiras tinham 20 anos, pelo menos, de uso. Não tinha mais nem proteção. As pernas dos jogadores estavam cortadas. Nós ajudamos. Sabe quanto custou? Nada. R$ 2 mil cada cadeira. Isso nós vamos fazer pelo Brasil inteiro. A Caixa vai fazer patrocínio regional, em especial para os mais carentes. A Confederação Brasileira quer que continuemos a patrocinar o esporte paralímpico, ginástica olímpica, atletismo e ela não tem nenhuma condição. Por exemplo, as crianças menores, as meninas com seis, sete, ou oito anos, muitas vezes, estavam com colantes rasgados, muito usados, ou estavam sem material.

O senhor fala em ampliar o número de agências, mas como vai ser esse movimento em um cenário de ajuste fiscal?

A Caixa é o quinto banco do mundo por clientes. São 112 milhões. É o maior banco da América Latina, o maior banco do Hemisfério Sul e, por pontos de venda, é o terceiro maior. São 26 mil pontos de venda. Quando a gente assumiu, era muito clara a diferença entre a Caixa e os lotéricos. Havia um sentimento de conflito. Só que a Caixa, a força dela é de complementaridade. Vou lhe dar um exemplo. Ao redor do número aproximado de 4,2 mil agências, há 8,7 mil correspondentes exclusivos, que são muito importantes, porque fazem o crédito imobiliário. A originação do crédito imobiliário está nos correspondentes bancários exclusivos (correspondente Caixa Aqui) e mais de 13 mil lotéricos. No pagamento do FGTS, 40% das pessoas receberam pelos lotéricos. Só que os lotéricos não têm uma tecnologia... Nem nos últimos 10 anos. Por exemplo, não podem receber um cartão de crédito. Tudo tem que ser dinheiro ou cartão de débito da Caixa.

Vai reduzir o número de lotéricas?

Não, vai aumentar. Vamos aumentar isso em mil pontos de venda. Vamos passar de 26 mil para 27 mil. O mesmo vale para as agências. Tem várias cidades em locais de crescimento muito acelerado em que nós continuamos com uma agência, só que a gente devia ter três. Então, o que é o mantra? Não fecharemos, na minha gestão, nenhuma agência onde só tem uma agência, ou seja, nós estaremos nos 5.570 municípios. Por quê? Porque a Caixa é um banco social.

Mas ampliando o número de agências vai, também, requerer uma necessidade de mão de obra, de profissionais...

Perfeito. O que acontece? Nós contratamos 2,8 mil aprovados no concurso de 2014. São basicamente pessoas com algum tipo de deficiência, 90% com deficiências muito leves. Mas, do ponto de vista de atendimento, diria que têm uma qualidade excepcional.


Na loteria vai todo mundo...

Na loteria, o que acontece? Você faz essa expansão, por exemplo, de 700 lotéricas, então, tem custo para a Caixa. E, com a melhora de tecnologia, nós, até na questão de aumento, 100% vão para a rede. Logo, já tem mais gente. Por outro lado, a discussão de fechar alguma agência só vai acontecer se for em algum local onde, matematicamente, você tem, em uma avenida três ou quatro agências. Faz sentido ter três ou quatro? Você pode fechar uma. Então, como você teve um movimento, ao redor de cinco anos atrás, de aumentar mais de mil agências, algumas delas, hoje, não fazem sentido. Mas isso é minoria da minoria. Agora, é o banco da matemática. Mas, para ser objetivo, entendemos que essas 700 lotéricas têm componente social. Mas, como ganhamos dinheiro para ser o gestor do FGTS, pagar o Bolsa Família, todos os benefícios sociais, isso é muito importante. Como você mede a rentabilidade de uma agência? Se você está em um local muito distante, esse, certamente, não vai ser um local de empréstimo para grandes empresas, nem de investimento. Ali, é a parte social. Agora, a Caixa é um banco de todos os brasileiros, e aí tem um ponto muito importante. Nós já estamos em 5.415 municípios. Dos cinco maiores bancos, tem dois que estão em mil municípios. Todos os dois dão 3 mil. Nós estamos em 5.415. Aí, a questão é a seguinte: quem está em 5.415 tem que estar em 5.570. E tem um custo? Tem.


Quanto tempo leva para colocar isso em curso?

Até março, porque a maioria é de lotéricas. As 30 agências já estão todas em processo...




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