Economia

Mão na massa para sair da depressão

postado em 28/12/2019 04:05
Flávia começou vendendo %u201Cbolos na marmita%u201D na rua, apostou no negócio e se especializou

Durante mais de 20 anos Flávia Abreu, 39, trabalhou na área administrativa. Em seu último emprego, exerceu o cargo de coordenadora em um local onde sofreu muita discriminação por ser mulher em um nível hierárquico alto. Isso a deixou depressiva e, após seis anos de atuação, decidiu deixar o emprego, no início de 2017, em um Brasil que patinava para sair da recessão. Flávia tentou algumas seleções, pois precisava pagar as contas, mas era rejeitada por conta da ampla experiência que tinha. Além disso, o mercado de trabalho já estava em crise.

Então, resolveu que queria trabalhar para ela mesma, ser sua própria chefe, em uma coisa que achasse legal e que permitisse ficar mais perto da família. Assim, Flávia fez um curso de designer de sobrancelhas, mas não obteve sucesso. O fracasso, no entanto, não a abalou. A empreendedora lembrou que sempre gostou de fazer bolos, tanto que fazia para amigos e em todas as festas da família.

Flávia acreditou no seu potencial e, mesmo sem muito apoio familiar, no fim de 2017, partiu para a rua para vender seus ;bolos na marmita;, que produzia na cozinha da sua casa em Taguatinga Norte. Começou vendendo diariamente, a pé, e foi um sucesso. Os clientes começaram a perguntar se ela fazia outros produto. Foi quando surgiu a necessidade de se especializar.

Lágrimas

;O primeiro curso me deu uma base profissional para fazer (os bolos). Nas primeiras vezes, ficaram horríveis, a decoração tenebrosa, mas tinham sabor. Aí, eu comecei a ter os primeiros clientes por encomenda, que passaram a me indicar para outras pessoas. Sempre que alguém pedia algo que eu não sabia fazer, eu corria para aprender. Foram muitos bolos despencando, muitos treinos frustrados, chorei muito até chegar onde estou.;

Recentemente, Flávia fez uma cirurgia para a retirada de um câncer na tireóide. Ela conta que as rendas dos doces foram essenciais para ajudar em todo o tratamento. Agora, o próximo passo é vender pela internet. ;Não é só pelo dinheiro. É pela questão emocional, pelo prazer que eu tenho em trabalhar e em atender a meus clientes. E, ao mesmo tempo, conciliar tudo isso com a minha rotina de mãe, esposa, dona de casa e empreendedora;, conta. (CN)

*Estagiária sob supervisão
de Simone Kafruni

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação