Economia

Imóveis de volta ao mercado

Investimento em ativos fixos está mais atrativo, mas os especialisas alertam para os cuidados ao calcular o valor das prestações

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/12/2019 04:13

O mercado imobiliário está aquecido e o sonho da casa própria pode estar mais perto de se tornar realidade. O investimento em um ativo fixo ; já que as aplicações financeiras tradicionais se tornaram menos atrativas, em um cenário de juros baixos ; começa a despertar investidores e pessoas físicas que querem sair do aluguel ou trocar um imóvel pequeno por outro maior. Mas, antes de decidir o que fazer com o dinheiro, muitas vezes guardado ao longo de uma vida inteira, é preciso cautela. Buscar informações seguras é fundamental para não se arrepender mais tarde.

Esse movimento de boas oportunidades está começando lentamente, mas é sustentável, garante Eduardo Aroeira, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi/DF). ;Inflação e juros estão baixos e o crédito imobiliário vem se expandindo;, diz. Números da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) apontam que o total de unidades vendidas somaram 129.139 no acumulado em 12 meses. No terceiro trimestre de 2019, as vendas aumentaram 15,4% em relação ao mesmo intervalo de 2018. O Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) foi responsável por 50,7% do total de unidades vendidas. No total de lançamentos, a representatividade do MCMV passou de 45,9% para 56,9%.

Os lançamentos residenciais no Brasil também fecharam no azul, com alta de 23,9% no terceiro trimestre de 2019, em relação a 2018, e avanço de 4,1% na comparação com o segundo trimestre deste ano. Aroeira destaca que, pela primeira vez, o mercado voltou aos níveis de 2013, a maior recuperação em relação aos últimos três anos. ;Mas não repetirá o cenário de 2011 ou de 2010. Hoje é mais seguro. Naquela época, não se previa desenvolvimento econômico e era difícil contratar mão de obra;, lembra.

As instituições financeiras estão ajudando na retomada. Os juros, em algumas delas, estão em 6,75% mais a Taxa Referencial (TR), atualmente zerada. No início do ano, as taxas estavam entre 9,5% e 11% com a TR. A Caixa Econômica Federal passou a oferecer outro financiamento, com juros de 2,95% ao ano, corrigidos pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), que está em 3,27% no acumulado de 12 meses, ou o máximo de 4,95%, mais IPCA. ;Antes existia apenas a opção pela TR. É uma vantagem;, ressalta Aroeira.

No entanto, os especialistas recomendam que o consumidor faça os cálculos detalhadamente. Nem sempre o valor da prestação cai significativamente. Um imóvel de R$ 240 mil, por exemplo, em 360 meses, pela TR, terá valor mensal da parcela de R$ 1.820,65. Pelo IPCA, nas mesmas condições, cai para R$ 1.267,38. Mas se a inflação subir, a prestação também sobe.

Claudio Quintana, gerente comercial da Brasal Incorporações, lembra que as empresas fizeram promoções com preços de 2014 ; o metro quadrado a R$ 11,3 mil. A previsão é de que, em 2020, suba para R$ 12 mil ou R$ 12,5 mil. A economia para o consumidor, no caso de apartamento de 100 ou 120 metros quadrados (m;) chega a R$ 200 mil ou R$ 300 mil, contabiliza Quintana. ;A demanda é grande. No estande da Asa Norte, chegamos a vender 30 unidades em um só dia;, conta.

O diretor da Elmo Engenharia, Guilherme Pinheiro Rezende, afirma que os imóveis de alto padrão estão saindo com mais facilidade do que o esperado. ;De 113 unidades ; de 4 suítes e 180 m; e 3 suítes, de 135 m; ;, foram vendidas 90% em apenas um fim de semana. Ao final, 103 negociações foram fechadas;, detalha. E 80% das unidades foram seguramente para moradia, presume Rezende. ;Está acontecendo uma coisa que não se via em Brasília desde 2012;, avalia.



Parceria

Algumas companhias facilitam a compra em parceria com bancos que ofereçam taxas menores, assinala Pedro Ávila, diretor comercial da PaulOOctávio Construtora. ;Estou muito otimista. Subiu a confiança do empresariado. Os clientes respondendo. Há credibilidade na estabilidade da economia. O imóvel passou a ser investimento com o aumento da demanda pelos fundos imobiliários. Os investidores estão de volta. Há tempos haviam sumido;, afirma.

Ávila lembra que é importante destacar que as prestações da casa própria são decrescentes. ;Há projetos de financiamento com tarifa prefixada, ou seja, sem correção pela inflação. É uma estratégia, em tese, melhor. A depender da taxa que o banco cobrar;, reflete. ;Nunca tivemos um momento tão oportuno para comprar imóvel;, analisa Wilson Charles Oliveira, diretor comercial da Construtora Emplavi. Ele prevê que esse ;ciclo de desenvolvimento; vai movimentar o mercado de usados, na mesma proporção. ;As portas estão abertas para a negociação;, diz.

* Estagiário sob supervisão de Simone Kafruni

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