Agência Estado
postado em 30/12/2019 18:49
O dólar terminou o último pregão de 2019 com baixa de 0,95%, cotado em R$ 4,0118. Foi a menor cotação desde 5 de novembro. No acumulado do ano, porém, a moeda americana acumulou valorização de 3,63%, menor somente que a observada, entre os emergentes, diante do peso da Argentina (+59%), da lira turca (+12%) e do peso chileno (+8%). Para 2020, bancos como o Crédit Agricole, Bank of America Merrill Lynch, Credit Suisse e JPMorgan veem a moeda americana oscilando ao redor de R$ 4,00.
A perspectiva de que Estados Unidos e China vão assinar o acordo "fase 1" logo no começo do próximo ano fez o dólar cair no mercado internacional nesta segunda-feira, ajudando na queda também aqui. "Provavelmente teremos uma assinatura sobre isso na próxima semana", confirmou o assessor especial da Casa Branca, Peter Navarro, na tarde de hoje.
O avanço das negociações comerciais entre as duas maiores economias do mundo foi um dos principais fatores que contribuíram para a queda do dólar este mês. Em dezembro, a moeda americana acumulou baixa de 5,40%, perdendo apenas para o mês de janeiro, quando a divisa recuou 5,48%, em meio à euforia com o início do governo de Jair Bolsonaro.
Para a estrategista da gestora Pimco, Libby Cantrill, o acordo comercial entre China e EUA retira um dos mais importantes fatores de incerteza que poderiam contribuir para a piora do cenário em 2020. É um risco que criou "nuvens de incertezas em Washington e nos mercados financeiros nos últimos meses", ressalta em relatório.
Apesar da queda na reta final de 2019, estrategistas não veem muito espaço para apreciação do real em 2020. O Crédit Agricole ressalta que os juros historicamente baixos no País devem seguir desestimulando as operações de "carry trade" (tomar recurso em país de juro baixo para aplicar em outro de juro alto). "Os estrangeiros têm permanecido à margem", ressaltam os estrategistas do banco ao falar do mercado financeiro brasileiro.
O Crédit Agricole prevê o dólar a R$ 4,10 no começo de 2020, a R$ 4,05 no final do primeiro semestre e R$ 4,00 no final do ano. Se as reformas avançarem mais rapidamente, o risco é de melhora destas previsões, pois estimularia a entrada de capital externo. A previsão do banco é que, mesmo com a Selic em nível historicamente baixo, o Banco Central deve começar 2020 cortando novamente os juros, em mais 0,25 ponto porcentual.
O dólar terminou o ano em nível acima do esperado nas previsões dos economistas. O Relatório de Mercado Focus, do Banco Central, mostrava que ao final de 2018 e começo deste ano, a maioria dos analistas esperava que o dólar fosse terminar o ano em R$ 3,80.