Economia

Líbano descarta extraditar Ghosn

Correio Braziliense
postado em 03/01/2020 04:04
Ex-executivo chefe da Nissan-Renault negou que tenha recebido ajuda da mulher, Carole, para fugir do Japão

O Ministro da Justiça do Líbano, Albert Sarhane, afirmou que recebeu da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) um pedido de prisão do ex-CEO da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, que fugiu do Japão, onde cumpria pena, acusado de fraude contábil, para se abrigar no país árabe. “O Ministério Público recebeu um aviso vermelho da Interpol sobre o caso”, disse o ministro, citado pela agência de notícias oficial ANI. Ghosn chegou a Beirute na segunda-feira, em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Em entrevista, o Sarhane afirmou que o governo libanês vai “cumprir suas obrigações”, sugerindo que Ghosn poderá ser interrogado, mas reforçou que o Líbano e o Japão não têm acordo de extradição. Por isso, disse, está fora de questão que o país vá entregar o ex-todo-poderoso presidente da Nissan às autoridades japonesas. O executivo, que nasceu no Brasil, tem tripla cidadania: brasileira, francesa e libanesa.

As circunstâncias da fuga de Ghosn, que estava em prisão domiciliar desde abril do ano passado, ainda não estão esclarecidas. Ontem, o executivo negou que tenha recebido ajuda para fugir. “Fui eu sozinho que organizei minha partida do Japão”, disse.

Ghosn negou, ainda, qualquer envolvimento de sua família na fuga. “As alegações na mídia de que minha esposa, Carole, e outros membros da minha família tiveram um papel importante na minha partida do Japão são falsas e mentirosas. Minha família não teve nenhum papel”, disse o empresário, em um comunicado divulgado pela AFP.

Segundo uma fonte da Presidência libanesa citada pela agência France-Presse, Carlos Ghosn entrou no país vindo da Turquia, em um jatinho privado, com passaporte francês e a carteira de identidade libanesa. O empresário é alvo de quatro acusações de crimes financeiros. Ele vivia com relativa liberdade de movimento no Japão, mas sob restrições.

Buscas foram realizadas em Tóquio, e sete pessoas foram presas na Turquia, suspeitas de ajudarem Ghosn em sua passagem por Istambul. De acordo com a agência de notícias turca Demirören (DHA), foram presos quatro pilotos, dois funcionários que trabalham em solo e o chefe de uma companhia aérea de voos fretados.

A saga de Carlos Ghosn com a Justiça japonesa começou em novembro de 2018, quando ele foi preso, acusado de desviar recursos das empresas que dirigia e ocultar parte do patrimônio pessoal. Ele ficou meses na cadeia até conseguir, em um acordo de US$ 14 milhões, migrar para a prisão domiciliar. Apesar de as acusações da promotoria japonesa terem sido feitas 13 meses atrás, ainda não havia perspectiva de um julgamento em Tóquio.

A Interpol informou que não comenta sobre casos específicos ou individuais, exceto em circunstâncias especiais e com a aprovação do país interessado. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que, desde que chegou ao Líbano, o empresário não entrou em contato ou solicitou apoio da Embaixada do Brasil em Beirute.

* Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo

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