Economia

Sem espaço para frustração

Correio Braziliense
postado em 06/01/2020 04:13
Sem capacidade de investir, já que as contas públicas estão no vermelho desde 2014, o governo não pode se colocar no caminho do setor produtivo, avaliam especialistas. Há, no inconsciente dos donos do dinheiro, uma série de estripulias que empurraram o país para a recessão e resultaram em prejuízos para muitos negócios. Se sentirem qualquer sinal de frustração, os investidores vão pisar no freio, e o resultado será mais um ano de baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Para o economista Alberto Ramos, diretor do banco Goldman Sachs, tudo indica que a economia terá um desempenho melhor em 2020. E o crescimento poderá ser disseminado, com aumento dos investimentos privados e das concessões e privatizações, caso deslanchem. Ele ressalta, porém, que ainda existem pedras no caminho. “Há uma preocupação de que o ímpeto reformista do Congresso se deteriore”, destaca. 

Na avaliação de Sílvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), investimentos maiores no setor produtivo afastam a possibilidade de pressão do consumo sobre a inflação. Ela acredita que a demanda das famílias terá incremento contido, por causa do choque de preços dos alimentos no fim de 2019, cujos efeitos deverão se estender pelo primeiro trimestre deste ano. “Os meses de inflação no chão ficaram para trás, o que corrói o poder de compra das famílias. Por isso, vemos certa estabilidade no consumo por bens e serviços”, diz. 

Ressalvas
Segundo a economista Juliana Inhasz, professora do Insper, existe uma torcida para que o investimento e o consumo puxem o PIB neste ano, mas ainda não há evidências de que isso se confirmará. Do lado positivo, a baixa taxa de juros incentiva os investimentos. Mas, do negativo, há o desemprego elevado, lembra. “Em 2019, havia a expectativa de que, com o novo governo, tudo mudaria. Mas os problemas continuaram os mesmos”, explica.

O economista Bruno Lucchi, superintendente técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), aponta que, para o PIB voltar a registrar expansão acima de 3% ao ano, o governo precisa manter a agenda de ajustes, e os juros precisam continuar baixos. “A velocidade das reformas é que vai sinalizar o momento ideal para os empresários voltarem a investir”, afirma. Segundo ele, a produção agrícola, que tem peso crescente na expansão da economia, continuará crescendo neste ano, com novo recorde na produção de grãos. (RH)

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