Correio Braziliense
postado em 07/01/2020 04:34
Além de acesso a mercados e do custo Brasil, outro desafio se consolidou, no ano passado, para o comércio exterior brasileiro. Com as queimadas recordes, entre julho e agosto, na Amazônia, 18 marcas globais chegaram a suspender a importação de couro brasileiro. Os importadores também estão cada vez mais de olho nas taxas de desmatamento no Brasil, o que pode afetar a carne in natura, um dos principais produtos da pauta comercial do país.
“Recebemos muitos questionamentos de empresas e de associações sobre esse tema. Querem saber como o país fiscaliza se o produto vem de fazendas com problema de desmatamento”, disse Liège Vergilli Nogueira, diretora executiva Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Segundo Liège, 2019 foi um bom ano, com aumento de 40% das vendas para a China. No geral, as exportações cresceram 11% em 2019 e, para 2020, apesar dos riscos, a projeção é de alta de 13% no volume exportado e de 15% no faturamento. “A China deve se consolidar como o maior mercado para a carne bovina brasileira nos próximos anos”, disse a diretora. Segundo ela, o setor esperava que, depois da visita do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos, em março do ano passado, fossem retiradas as barreiras sanitárias norte-americanas à carne bovina brasileira, o que não aconteceu.
Neste ano, o mundo se prepara para retomar as negociações em torno da limitação das emissões de gases poluentes. A União Europeia não descarta adotar tarifas contra países que não adotarem o Acordo de Paris. França, Irlanda e Áustria sinalizaram que podem não ratificar o acordo do bloco europeu com o Mercosul por causa do desmatamento da Amazônia.
Guerra comercial
Outra preocupação é a batalha geopolítica entre China e Estados Unidos que, desde 2018, se traveste de conflito comercial. Em dezembro, o presidente Donald Trump anunciou o início de um acordo entre os dois países, mas a questão extrapola o comércio e envolve uma disputa pelo mercado da tecnologia 5G.
“O Brasil terá leilão de 5G neste ano, e a pressão para não adotar o modelo chinês, da Hauwei, será grande. O presidente foi à China, que participou do leilão do pré-sal. Não foi por acaso que os Estados Unidos ameaçaram reduzir as cotas para o aço brasileiro. Esse é o jogo comercial diplomático. Bolsonaro não está acostumado com ele, e a diplomacia está voltada para questões ideológicas. O Brasil passa a ideia de estar vendido no jogo multilateral”, avalia Wagner Parente, da BMJ Consultoria.
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