Correio Braziliense
postado em 08/01/2020 06:00
A caderneta de poupança ainda continua entre as aplicações preferidas do brasileiro. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central, em 2019, foram depositados R$ 13,23 bilhões líquidos, resultado da diferença entre saques e depósitos. Apesar de fechar no azul, o valor representa uma queda 65,2% em relação ao saldo de 2018, de R$ 32,26 bilhões, e também inferior a 2017 (R$ 17,1 bilhões).
Em dezembro, quando a maior parte dos trabalhadores recebe o 13º, os depósitos costumam ser maiores. Em 2019, não foi diferente. Os que gostam da poupança, no mês passado, depositaram R$ 17,21 bilhões a mais do que retiraram. Esse foi o melhor resultado para dezembro desde 2017, quando a captação líquida ficou em R$ 19,37 bilhões.
Considerando os rendimentos, de R$ 2,5 bilhões, em 2019, a poupança encerrou o ano com saldo de R$ 845,5 bilhões. Em valores nominais (sem descontar a inflação), esse é o maior saldo da história, de acordo com o Banco Central.
O grande problema, segundo especialistas, é que essa aplicação rende menos que a inflação. Pelas regras atuais, a remuneração é equivalente a 70% da Taxa Básica de Juros (Selic), mais a Taxa Referencial (TR), que está zerada. A Selic está no menor patamar da história (4,5% ao ano).
Com isso, a remuneração da caderneta de poupança está, atualmente, em 3,15% ao ano — percentual que, em 2020, pode perder para a inflação, já que o mercado financeiro projeta alta de 3,60% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para Fabrizio Gueratto, financista do Canal 1Bilhão Educação Financeira, “poupança é investimento de preguiçoso”. Segundo ele, o brasileiro precisa entender que risco não é necessariamente uma coisa ruim. “É proporcional ao retorno. E há vários outros produtos que são muito mais atrativos”, destacou.
Na análise do financista, como a poupança é a principal fonte de financiamento da casa própria, e a construção civil é um dos setores que mais empregam no país, é possível que o governo, nos próximos meses, use a estratégia de valorizar os rendimentos. “Mas, mesmo assim, a expectativa é de que esses números de 2019 se invertam. Creio que, em 2020, o saldo deverá ser positivo”, reforçou Gueratto.
O economista César Bergo, sócio consultor da Corretora OpenInvest, concorda que a expectativa para esse ano é de queda. “E queda rápida. Quem sabe minimamente fazer conta percebe que tem uma perda real (descontada a inflação) de pelo menos 0,4% ao ano”, calculou Bergo. A aplicação, segundo ele, não vai desaparecer porque, além dos imóveis, o montante financia o crédito agrícola e o setor de infraestrutura.
“O destino da poupança é se transformar em uma espécie de conta-corrente remunerada. Mesmo assim, é preciso atenção porque, se o saque ocorrer antes da data do aniversário, haverá perdas, já que a poupança não tem rendimento diário. A única vantagem é o fato de não ter tarifa”, explicou Bergo.
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