Correio Braziliense
postado em 10/01/2020 04:13
Apesar de a inflação oficial se mostrar controlada, a carestia pesa mais no bolso dos mais pobres, que têm enfrentado aumento mais acelerado do custo de vida. Conforme dados da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Índice de Preços ao Consumidor — Classe 1 (IPC-C1), que mede a alta de preço dos produtos consumidos pela população com renda familiar de até 2,5 salários mínimos, disparou em dezembro, chegando perto de 1% e acumulando alta de 4,60% em 2019. A taxa anual ficou acima da média do IPC nacional, de 4,11%.
O economista André Braz, coordenador do IPC do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), destaca que a alimentação é o item que mais pesa nas despesas das famílias de baixa renda, chegando a 31,3% do orçamento. “A contribuição desse item no custo de vida foi gigante, e o IPC só não ficou acima de 1% porque houve uma queda de 0,96%, em dezembro, nos custos do grupo habitação”, explica. Segundo ele, o grande vilão do pico inflacionário do fim de 2019 foi a carne, que chegou a subir 16% no ano.
A copeira Cristina Neres, 38 anos, precisou adequar o consumo à redução da renda familiar após o marido perder o emprego, mas não abriu mão da carne, apesar da alta dos preços. “Continuo comendo carne do mesmo jeito, mas diminuímos os gastos em geral”, afirma. “Espero que, no ano que vem, a economia melhore, que o governo estenda mais trabalhos para a população e diminua os preços das coisas para que a gente possa manter a família de uma forma melhor.”
Promoções
A carne também pesou no orçamento da manicure Rebeca de Oliveira, 39. Ela conta que diminuiu o consumo do produto e recorrer a outros itens, como congelados, ovos e frango. “Tudo aumentou muito de preço de outubro até agora. O final de ano foi um dos mais caros que já vi”, afirma. Ela conta que prefere comprar em mercados que fazem promoções do que em feiras ou atacadistas.
Para Braz, as atualizações no perfil de consumo da POF são positivas para uma melhor apuração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “O ideal é que o período de atualização da POF fossem mais frequentes, porque as grandes mudanças no orçamento das famílias estão relacionadas aos padrões de consumo, que são muito dinâmicos quando a renda melhora”, explica. Para ele, o grande desafio para conter a inflação na meta este ano será o controle dos preços administrados — aqueles cujos reajustes dependem de autorização do governo —, que tendem a subir mais. (RH e CL)
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