Correio Braziliense
postado em 12/01/2020 04:04
Na opinião de Cláudio Frischtak, presidente da InterB Consultoria, do ponto de vista do investimento do governo, este ano pode ser pouco melhor do que 2019. “Não existe conforto fiscal. Ao mesmo tempo, há prioridades que competem com os mesmos recursos. Como isso se traduz em limitação de investimentos em infraestrutura, o país é cada vez mais dependente de concessão e privatização”, avalia.
O especialista explica que, nos últimos anos, dois terços em investimentos foram privados. Apenas 0,6% a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) são públicos. “Os adicionais terão de ser recursos privados. Nas nossas projeções, a participação pública em todas as instâncias (federal, estaduais e municipais) vai cair a 0,15% se o governo for bem-sucedido e ampliar a participação do privado.”
Fritschtak aposta que 2020 será um ano definidor.” O ambiente econômico está melhor, menos incerto, e a reforma mais difícil, da Previdência, foi aprovada. Essa incerteza fundamental, apesar da fragilidade da relação entre Congresso e Executivo, reduziu o grau de incerteza.” Em segundo lugar, de acordo com o especialista, o ambiente de juros é favorável. “Temos um Ministério da Infraestrutura e um PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) que funcionam razoavelmente bem. Há pré-condições para um salto do investimento este ano”, afirma.
O ganho, diz Frischtak, pode ser de 0,3% a 0,4% do PIB — saindo de 1,9%, no total (público e privado) para algo entre 2,2% a 2,3% do PIB. “Esse ganho vai ser direcionado basicamente pelo setor privado para as áreas de logística de transporte e de energia”, afirma. As concessões de rodovias, aeroportos, portos e ferrovias estão postas para 2020 (veja no quadro). “Há enorme potencial de investimento em energia, sobretudo em fontes renováveis, como eólica e solar. Além disso, temos uma situação-limite. Se a economia crescer mais fortemente, com demanda maior do que a esperada de energia, isso vai descortinar a fragilidade do sistema. Precisamos de mais investimentos em energia”, alerta.
Dificuldades
Nas privatizações, o processo é mais difícil. “Há oposição no Congresso e no Judiciário. Não é uma questão de o Executivo querer. Deveria ter um envolvimento maior do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desde o início, porque lá tem gente muito qualificada”, sustenta Frischtak. Segundo ele, 2019 não foi bom para privatização. “O Ministério da Economia subestimou o processo. Além disso, há uma dúvida sobre o quanto o presidente Jair Bolsonaro é, de fato, privatista. Antes de se tornar presidente, não era. O Guedes (Paulo, ministro da Economia), sim, é privatista e liberal, mas não é o presidente. Temos essa ambiguidade.”
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