Correio Braziliense
postado em 14/01/2020 19:12
O governo vai contratar até 7 mil militares da reserva das Forças Armadas para auxiliar no atendimento nas agências do INSS e liberar servidores do órgão para reforçar a análise dos benefÃcios. O objetivo, segundo o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, é pôr fim à fila de 1,3 milhão de pedidos sem análise há mais de 45 dias até o fim de setembro de 2020. O governo vai publicar um decreto esta semana para viabilizar as contratações.
Marinho evitou dizer que vai "zerar" a fila de benefÃcios atrasados porque, para ele, trata-se de um "preciosismo". Eventualmente, ressalvou o secretário, pode haver "um ou dois" pedidos em análise há mais de 45 dias por outros motivos, mesmo após a força-tarefa.
Como mostrou o Broadcast, sistema de notÃcias em tempo real do Grupo Estado, os militares da reserva contratados temporariamente para essa função receberão um adicional de 30% sobre a remuneração, pago pelo próprio INSS. A Secretaria estima um custo de R$ 14,5 milhões ao mês durante nove meses - ao todo, um gasto de R$ 130,5 milhões. Marinho disse que haverá remanejamento de recursos dentro da própria pasta para acomodar a despesa.
Segundo o secretário, o custo compensa porque a redução da fila evitará que o governo tenha que pagar correção monetária sobre os benefÃcios concedidos em atraso. O gasto com a correção monetária chegou a R$ 200 milhões no ano passado, quando a fila de pedidos já estava crescendo, e poderia chegar a R$ 300 milhões neste ano. Parte desse valor deve ser economizada com a estratégia anunciada hoje.
Os militares serão chamados - a apresentação será voluntária - e treinados ao longo de janeiro e fevereiro. A partir de março, haverá a implementação integral da nova estratégia. Em abril, Marinho estima que as medidas já poderão operar com força total.
A partir daÃ, o secretário diz que a fila começará a cair num ritmo de 150 mil a 160 mil pedidos ao mês. Sem a estratégia, o governo levaria cerca de 15 meses para acabar com a fila, prazo agora reduzido a seis meses.
Mesmo após setembro, segundo o secretário, não há expectativa de que o estoque de processos pendentes seja zerado por completo. A meta, diz Marinho, é que os casos não fiquem acumulados - ou seja, que o número de novos pedidos seja similar ao número de processos concluÃdos.
O secretário disse que há 988 mil pedidos que entram todos os meses no INSS e que não é possÃvel zerar o estoque. O governo trabalha, porém, para que a entrada de requerimentos seja compatÃvel com a capacidade de análise do órgão.
PerÃcias
Após aprovar um pente-fino nos benefÃcios do INSS, o governo vai convocar os próprios servidores federais afastados por motivos de saúde para a realização de perÃcias médicas. O objetivo é verificar quem já está apto para retomar as atividades. Em meio à s reclamações sobre filas de pedidos em atraso, os funcionários do INSS serão o foco prioritário da ação.
Marinho informou ainda que há hoje 1.514 dos 23 mil servidores do INSS afastados. A expectativa, segundo ele, é que dois terços (aproximadamente mil deles) retomem o trabalho.
"A ideia é começar ainda este mês o trabalho (das perÃcias)", disse o secretário. Ele ressaltou que todos os servidores afastados passarão pela perÃcia.
A Medida Provisória antifraude, convertida em lei no ano passado, alterou o status dos peritos do INSS, transformando-os em peritos federais. Com isso, eles têm agora o condão para realizar a avaliação também dos servidores.
O governo também passará a restringir daqui para frente a cessão de servidores do INSS para outros órgãos, para evitar mais desfalques num corpo técnico já reduzido diante do alto volume de aposentadorias. Dados do Ministério da Economia mostram que mais de 6,3 mil servidores do INSS têm entre 51 e 60 anos, e outros 3,5 mil, mais de 60 anos.
Marinho justificou as medidas da força-tarefa para reduzir a fila de pedidos em atraso junto ao INSS com a necessidade de equilibrar o ritmo de ingresso de solicitações e a capacidade de atendimento. Além disso, segundo ele, o inÃcio das perÃcias do INSS nos auxÃlios e benefÃcios pagos pelo órgão aumentarão a demanda por atendimento em agências.
Além das perÃcias, o secretário confirmou que o governo vai contratar 7 mil militares da reserva das Forças Armadas para auxiliar no atendimento. Isso vai permitir deslocar cerca de 2,1 mil a 2,5 mil funcionários do próprio INSS para a análise de benefÃcios.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.