Economia

Pauta ambiental está atrelada à comercial

Correio Braziliense
postado em 16/01/2020 04:05
Eventos climáticos extremos, como os incêndios na Austrália, servem de alerta. O país encara perda de vidas e grandes danos à propriedade e à infraestrutura

Tema sempre presente nas versões anteriores da pesquisa, os riscos econômicos perderam espaço entre os itens mais relevantes para os executivos. Essa percepção alertou os coordenadores da pesquisa. Segundo o autor principal, Emilio Granados Franco, chefe de Riscos Globais e Agenda Geopolítica do Fórum Econômico Mundial, “como os riscos ambientais e econômicos estão indissociavelmente ligados, as percepções de risco que representam apenas um outros pontos cegos podem estar surgindo e esforços integrados de mitigação podem estar faltando.”

As guerras comerciais e a ascensão de políticos nacionalistas em todo o mundo também foram lembradas pelos especialistas e tomadores de decisão como problemas que dificultam aos países trabalharem juntos em busca de soluções. “O panorama político está polarizado, os níveis do mar estão subindo e os incêndios decorrentes do clima estão ardendo”, disse Brende.

O relatório aponta também para um ano de aumento das divisões domésticas e internacionais e desaceleração econômica. Segundo o Fórum Econômico Mundial, a turbulência geopolítica está dando ao mundo contornos unilaterais “instáveis” de grandes rivalidades de poder. Mas, diferentemente dessa realidade, o momento deveria levar líderes empresariais e governamentais a se concentrarem com urgência no trabalho conjunto para enfrentar os riscos compartilhados.

Valor da natureza

Giger, diretor de risco do Zurich Insurance Group, pede que as empresas se voltem ao desenvolvimento de métricas que avaliem o valor da natureza em seu trabalho. Ele lembra que a degradação de áreas úmidas, manguezais e recifes de coral reflete em custos de seguro para empresas locais. “O investimento em práticas florestais ecológicas e sensatas reduziria os custos de seguro para setores como empresas de energia e água, que podem estar expostos a riscos de incêndio.”

Ainda que o meio ambiente domine a pauta, questões econômicas e políticas fazem parte do rol de preocupações. Segundo a pesquisa, 78% consideram que os “confrontos econômicos” e a “polarização política doméstica” provavelmente aumentarão e terão um forte impacto em 2020.

John Drzik, presidente da Marsh & McLennan, que participou da elaboração do relatório, atribui ao setor privado a responsabilidade em assumir a liderança. Com o progresso multilateral limitado, diz, as corporações devem agir de forma coesa para mitigar riscos e encontrar oportunidades.

“Há uma pressão crescente sobre empresas de investidores, reguladores, clientes e funcionários para demonstrar sua resiliência ao aumento da volatilidade climática. Os avanços científicos significam que os riscos climáticos agora podem ser modelados com maior precisão e incorporados ao gerenciamento de riscos e aos planos de negócios”, explica Drzik.

Ainda segundo o executivo da Marsh & McLennan, “eventos de grandes proporções, como os incêndios florestais recentes na Austrália e na Califórnia, estão pressionando as empresas a tomar medidas contra os riscos climáticos em um momento em que também enfrentam maiores desafios geopolíticos e de riscos cibernéticos”.

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