Correio Braziliense
postado em 16/01/2020 16:00
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pedirá ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para acelerar a votação de um dos projetos que tramitam na casa para liberação da venda direta do etanol sem passar pelas distribuidoras. O mandatário do país quer decidir qual será a “via mais rápida” para a aprovação. Se pelo parlamento, a expectativa é de que até março a votação seja concluída.Nos cálculos do governo, a aprovação do projeto pode baratear o custo do etanol em R$ 0,20.
A mobilização seria para o Parlamento votar o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 978/18, de autoria do senador Otto Alencar (PSD-BA). A redação anula um artigo da Resolução 43/09 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que veda a comercialização de etanol diretamente entre os postos de combustíveis e as usinas.
Ou seja, desde 2009, os usineiros são obrigados a fazer o transporte do combustível por meio de uma empresa distribuidora, que, por sua vez, leva o etanol para os postos. Bolsonaro defende que a exclusão de intermediários no processo pode reduzir o custo do álcool nas bombas e até na gasolina, uma vez que a gasolina vendida ao consumidor é composta por entre 18% e 27% de etanol anidro.
O chefe do Executivo se reuniu na tarde desta quinta-feira (16/1) com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o presidente do Sindaçúcar de Alagoas, Pedro Robério de Melo Nogueira e Renato Augusto Pontes Cunha, presidente do Sindaçúcar de Pernambuco para discutir sobre o assunto. O encontro foi a pedido dos produtores de etanol.
“O presidente acolheu. Disse que coincide, que é um projeto dele também de resolver essa questão da redução do custo Brasil da simplificação e comercialização de combustíveis em defesa do consumidor. Mas é um assunto que tem uma processualística muito complexa, que envolve agência reguladora e, eventualmente o parlamento”, disse Nogueira.
Nogueira acredita a votação poderá ser concluída até março no Congresso .“Ele quer ver a via mais rápida, se é fazer tudo pelo Executivo, que aí passa pelas agências. (Elas têm um rito próprio para tratar dessa questão) ou se pega uma carona no processo legislativo. Aconselharia seguir o processo legislativo. Acho que, com a abertura da Câmara, temos condição de até março concluir essa votação”.
Segundo ele, o assunto foi tratado diretamente com o presidente Bolsonaro pela primeira vez.
“Existem projetos defendendo essa liberação na Câmara, tem um projeto que está aprovado no Senado que já passou em uma comissão no Senado e falta passar pela CCJ e no plenário da Câmara. Tem uns cinco ou seis projetos, mas esse é o que mais está mais avançado.
O presidente ficou de conversar com o presidente Rodrigo Maia para ver o que ele pode fazer para acelerar essa votação da liberar a venda direta do etanol sem passar pelas distribuidoras, como alternativa porque hoje só existe uma via, só pode vender através das distribuidoras”, declarou.
Ele acredita que a medida impactará no preço final do combustível ao consumidor. “Imagina a quantidade de postos que existem perto de usinas no Brasil inteiro e elas não podem vender diretamente ao posto, tem que ir para uma base. Tem situações por exemplo, em que o raio da distância entre o posto e a usina é de 5 km, 10 km e a base está a 200, 200 km”, apontou.
E emendou: “Esse projeto teve regime de urgência aprovada no Senado e está na fase final da Câmara. Por isso que o presidente falou: “pode ser feito pelo Executivo”, mas as agências têm um curso próprio digamos num ritmo não muito acelerado, mas se vier uma imposição legislativa tudo se acomoda muito rapidamente”, destacou.
O presidente do Sindaçúcar de Pernambuco, Renato Augusto Pontes Cunha, apontou que os sindicatos e os produtores do Nordeste que têm formulado a tese da venda direta acreditam que essa é uma opção que não atrapalhará o mecanismo hora vigente. “Pode ser através das distribuidoras e também através das vendas diretas, os impostos estão nos tributos assegurados no âmbito da Receita Federal e não entendemos a quem não interessa levar ao consumidor essa opção. Existe um obstáculo na ANP que poderá ser revogado na medida em que a autorização é revogada e passa-se a poder se exercer os dois caminhos”, ressalta.
Cunha disse que em fevereiro haverá uma reunião do Conselho Nacional de Politica Energética (CNPE) para dar sequência ao assunto.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.