Correio Braziliense
postado em 17/01/2020 04:14
A atividade econômica cresceu 0,18% em novembro do ano passado em relação a outubro e 1,1% em relação a novembro do 2019, de acordo com o IBC-Br, calculado pelo Banco Central. Foi a quarta expansão mensal consecutiva do indicador, que é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado surpreendeu o mercado já que vários índices econômicos referentes a novembro, divulgados nos últimos dias, apontaram resultados negativos ou abaixo da expectativa.
“O IBC-Br veio extremamente positivo, não pelo valor em si, mas porque pega no contrapé a leitura sobre novembro, quando houve queda na produção industrial e nos serviços, e varejo com crescimento aquém do esperado”, disse André Perfeito, da Nécton Investimentos. Ele avaliou que o dado pode reverter a expectativa negativa sobre a atividade econômica.
Em novembro, depois de dois meses de alta, o setor de serviços caiu 0,1% na comparação com outubro, segundo informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o pior resultado para meses de novembro desde 2016, quando houve queda de 0,3%. A produção da indústria recuou em 11 dos 15 locais pesquisados em novembro, também segundo o IBGE, e encolheu 1,2%, a maior queda mensal desde março e o pior resultado para novembro desde 2015. No caso das vendas do varejo, houve crescimento e 0,6%, mas o resultado decepcionou, pois naquele mês houve a Black Friday e a liberação de recursos do FGTS, que deveriam ter provocado impulso maior do setor.
Apesar dos resultados pontuais dos diferentes segmentos econômicos no final do ano passado, o mercado começou o ano mais confiante no resultado global da economia brasileira em 2020. De acordo com o boletim Focus, do BC, a mediana das previsões dos cerca de 100 analistas ouvidos semanalmente aponta que o PIB brasileiro vai crescer 2,3% neste ano.
Mais pessimista, a Organização das Nações Unidas (ONU), em relatório sobre perspectivas para a economia global divulgado ontem, prevê expansão de 1,7% para o PIB brasileiro nste ano. Para a ONU, queda das cotações das commodities e instabilidade política devem inibir o crescimento da América Latina.
Construção civil
Para Álvaro Bandeira, economista-chefe do Banco Modal Mais, o resultado do IBC-Br pode ser atribuído ao desempenho da construção civil, que vem mostrando sinais de recuperação. Depois de registrar queda de 30% entre 2014 e 2018, o setor, um dos mais impactados pela crise econômica, deve crescer 3% este ano, de acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic). O segmento começou a reagir no ano passado, e deve ter fechado 2019 com alta de 2%.
A expectativa de Bandeira é a de que o segmento tenha crescido 1% em 2019 e avance entre 2,2% e 2,5% em 2020. “A subida da inflação em dezembro foi pontual e não representa, necessariamente, aquecimento econômico. Em 2019, o IPCA foi de 4,31% e, em dezembro marcou para 1,15%, a maior taxa para o mês desde 2002.
O economista ressalta, porém, que a retomada do crescimento vai depender da velocidade do encaminhamento das reformas no Congresso. “Ninguém espera que a reforma tributária e a administrativa sejam aprovadas este ano, mas, se forem bem-encaminhadas, isso vai gerar boas expectativas e confiança”, avaliou. Para ele, como há eleições municipais no segundo semestre, o Congresso e o Executivo terão que ter foco para avançar com as mudanças.
Segundo Daniel Xavier, economista sênior do Banco ABC Brasil, o IBC-Br reflete melhor o comportamento da economia do que os demais indicadores isoladamente. Além de considerar produção industrial, serviços e varejo, o indicador do BC também leva em conta a produção agrícola e estimativas para impostos. “A diferença de metodologias ajuda a explicar porque os resultados apontam para direções diferentes”, explica. “O IBC-Br aponta para uma aceleração do PIB no último trimestre e para um melhor ritmo da economia neste ano. Por isso, reiteramos nossa expectativa de crescimento de pouco mais de 1% em 2019 e de algo em torno de 2,5% neste ano”, disse.
- FGV
O Indicador Antecedente Composto da Economia Brasileira (Iace) subiu 1% em dezembro ante novembro, atingindo 119,7 pontos, o maior nível da série histórica, iniciada em 1996. O indicador é publicado em parceria do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) e The Conference Board (TCB). “O resultado de dezembro demonstra o padrão de crescimento moderado que caracteriza a atual fase de ciclo econômico. Por sua vez, sugere a continuidade deste ciclo ao longo dos próximos meses”, avaliou o economista Paulo Picchetti, do Ibre/FGV.
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