Economia

FMI reduz estimativa de crescimento mundial, mas vê melhora no Brasil

Apesar da estimativa de crescimento econômico da América Latina ser abaixo da média mundial, Brasil tem previsão de melhora

Correio Braziliense
postado em 20/01/2020 12:28
Segundo o FMI, melhorar as tensões comerciais entre EUA e China diminuiu incertezas mas uma desaceleração acentuada na Índia está criando um obstáculo em todo o mundoO Brasil deve crescer mais nos próximos anos, enquanto a América Latina vai tirar o pé do acelerador, em um contexto de melhora nas relações comerciais entre China e Estados Unidos, que reduziu as incertezas globais - declarou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira (20/1).

Apesar da atenuação dos riscos econômicos globais, o FMI alertou que os resultados econômicos "dependem em grande medida de evitar uma nova escalada" das tensões comerciais entre Washington e Pequim.

Na atualização de seu informe econômico mundial de outubro (WEO), o FMI reduziu em um décimo, a 3,3%, sua expectativa de crescimento para este ano. Em 2021, esta redução foi um pouco maior, a 3,4%.

A maior responsável pela revisão para baixo é a Índia, explicou o Fundo.

Já a América Latina continuará com crescimento baixo, e as projeções foram reduzidas para 1,6% em 2020, e 2,3% em 2021 - abaixo da média mundial.

O Brasil, contudo, melhorou. Espera-se que o país cresça 2,2% este ano, e 2,3% no ano que vem, após uma alta das estimativas.

A entidade explicou a revisão em alta de 0,2 ponto em 2020 na maior economia da região com "uma melhora na confiança após a aprovação da reforma da Previdência e menos interrupções do fornecimento no setor de mineração".

O FMI reduziu o prognóstico regional, devido a uma queda na previsão de crescimento do México em 2020 e em 2021 e ao desempenho ruim do Chile. Este último foi atribuído à crise social iniciada em outubro, em um país cuja economia é considerada exemplar.

"Esta revisão se deve a um corte nas perspectivas de crescimento para o México entre 2020-2021, devido, entre outras coisas, ao investimento persistentemente fraco, bem como a uma revisão descendente considerável para o Chile, afetado pela agitação social", explicou o Fundo.

EUA e China

No mundo, a relação entre China e Estados Unidos, as maiores economias globais, continua abalada por "disputas não resolvidas" que mantêm o risco de problemas em potencial.

"O risco de um prolongamento de um crescimento global lento continua tangível, apesar de sinais de tentativas de estabilização", diz o relatório.

"Erros de política nesse estágio podem enfraquecer ainda mais a própria economia global", alertou o Fundo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na semana passada um acordo com a China que atenua o conflito comercial entre as duas potências. As tarifas sobre dois terços dos produtos importados da China continuam, porém, em vigor.

A trégua levou a uma melhoria do prognóstico de crescimento do PIB da China a 6% em 2020, com uma leve queda a 5,8% no ano seguinte. A economia chinesa já estava, contudo, em desaceleração.

Para os EUA, o FMI recortou em apenas um décimo, a 1,6%, sua expectativa de crescimento neste ano, e manteve a mesma taxa para 2021.

Desde 2018, Washington e Pequim aplicaram tarifas recíprocas sobre centenas de bilhões de dólares. 

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse na sexta-feira que os dois países têm recursos o suficiente para resolver todas as suas disputas comerciais.

"Uma trégua comercial não é a mesma coisa que paz comercial", afirmou.

Na análise anterior, o FMI havia estimado que conflitos e tarifas comerciais reduziriam o crescimento mundial em 0,8 ponto. Dois terços desse dano correspondem a despesas e investimentos interrompidos, devido à incerteza comercial, segundo o Fundo.

Se as tensões reaparecerem, ou se Trump se envolver em disputas comerciais com a Europa, ou ainda se a tensão entre Estados Unidos e Irã aumentar, o comércio e o setor industrial serão prejudicados, e o crescimento global será menor do que o previsto, disse o Fundo.


Desaceleração na Índia

As perspectivas econômicas melhoraram um pouco para a União Europeia e a Grã-Bretanha, com a clareza maior nas perspectivas para o Brexit.

Em relação ao relatório de outubro, o FMI cortou novamente a previsão de crescimento esperado para a Índia em 1,2 ponto este ano, e 0,9 ponto em 2021.

Embora a expansão permaneça relativamente robusta (5,8% em 2020, e 6,5% em 2021), não é suficiente para reduzir a pobreza nessa economia, avaliou o FMI.

A Índia tem sido um dos países que mais crescem e se tornou um fator-chave para o crescimento econômico global, em um contexto de expansão lenta das economias avançadas.

Mas o FMI reduziu suas projeções, em função de uma queda maior do que o esperado na demanda doméstica, assim como de pressões crescentes no sistema financeiro indiano.

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